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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Diversificacão de fontes ainda é lenta, apesar de crise hídrica

SÃO PAULO - A falta de chuvas e o alto grau de dependência das usinas hidrelétricas na geração de energia ligaram um sinal de alerta. Para representantes do setor, o Brasil está avançando na diversificação da matriz de energia, mas em um ritmo mais lento que o necessário.

 

Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS) apontam que o nível dos reservatórios das hidrelétricas das Regiões Sudeste e Centro-Oeste estão em situação pior que a vista em 2001, quando o país enfrentou racionamento de energia elétrica.

 

O armazenamento médio das hidrelétricas das duas regiões que respondem por cerca de 70% da capacidade de geração do País, estava em 21,11% no dia 20 de outubro. No mesmo mês de 2001, o nível médio era de 21,39%, conforme o orgão .

 

De acordo com o ONS, o nível de armazenamento das represas dessas regiões deve continuar caindo até o final de outubro, podendo chegar a 19%.

 

Essa previsão de queda é explica por estimativa de menor volume de chuvas nos reservatórios em outubro. No Sudeste e Centro-Oeste, a quantidade de chuvas deve ficar em apenas 67% da média histórica para o período, segundo o ONS.

 

A dependência brasileira de fontes de geração hídrica diminuiu nos últimos 40 anos, mas ainda é elevada quando comparada a outros países. Dados do Ministério de Minas e Energia apontam que em 1973, 89,4% da matriz brasileira dependiam dessa fonte. Em 2013, era de 70,7%. No mundo, a dependência hídrica é de 16,2%. A maior utilização das usinas térmicas, que tem servido para compensar a queda da geração das hidrelétricas, fez aumentar o consumo de gás para produção de energia elétrica. Em 1973, o País não usava essa fonte que em 2013 foi responsável por 11,3%.

 

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Investidores em Autoprodução (Abiape), Mário Messel, diversificar as fontes de energia não significa abandonar o sistema hidráulico, que cumpre um papel essencial na segurança do sistema brasileiro. "Os reservatórios das hidrelétricas são essenciais para a segurança do sistema. O que precisamos é reduzir a dependência [deles]".

 

Custo

 

Para o presidente da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica (ABCE), Alexei Vivan, o País aos poucos está conseguindo diversificar suas fontes. No entanto, segundo ele, o alto custo de produção ainda é o principal entrave para a expansão das fontes alternativas. "Os custos de produção precisam ser reduzidos para que investidores se sintam atraídos a investir nesse setor. E isso se faz, principalmente, com pesquisa e desenvolvimento de tecnologia própria", comenta Vivan.

 

Na avaliação da ABCE o Brasil deveria investir mais em pesquisa. "Ainda está longe do necessário, mas o Brasil está acordando para a necessidade de investir em inovação", destaca.

 

Por outro lado, Messel acredita que a adoção de leilões específicos para fontes renováveis foi uma iniciativa importante para incentivar a diversificação. Para ele, o modelo anterior onde fontes diferentes concorriam no mesmo certame tirava o interesse de investimento em energias renováveis que não tinha um preço competitivo. "Quando há um leilão onde todas as fontes concorrem juntas aquela que tem um custo menor tem uma vantagem competitiva muito grande. Diante disso, o investidor acaba optando por aquela com menor preço e maior retorno o que atrofia o desenvolvimento de energias renováveis", analisa Messel.

 

Racionamento

 

Segundo a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), Elbia Melo, o Brasil deveria ter se planejado mais após a crise hídrica que levou a um racionamento em 2001. "Hoje é fácil olhar para trás e ver isso, mas apesar do racionamento o Brasil não conseguiu investir como deveria em fontes alternativas e estamos pagando o preço agora", diz.

 

Na opinião dela, faltou capacidade ao setor para enxergar que novas dificuldades poderiam acontecer num prazo tão curto. Apesar disso, ela acredita que há mais clareza hoje das dificuldades e que aos poucos o país está conseguindo diversificar suas fontes.

 

Para Elbia os projetos de fontes alternativas estão considerando os preços mais competitivos. "O preço da energia eólica, por exemplo, começou a tornar mais competitivo a partir de 2009 e 2010. Desde então, a geração a partir dessa fonte cresceu muito", afirmou a presidente da Albeeolica.

 

A Eletrosul, por exemplo, anunciou ontem o início das obras do Parque Eólico Hermenegildo, no Rio Grande do Sul. O empreendimento agregará cerca de 180 megawatts (MW) de capacidade ao complexo Eólico Campos Neutrais. Segundo a companhia, os investimentos para as obras somarão, aproximadamente, R$ 900 milhões.

 

A preocupação com o desenvolvimento de fontes de energia alternativa não é exclusiva do Brasil. Outros países também estão lidando com esse desafio.

 

O potencial é grande, segundo estudo do Greenpeace. A organização estima que a capacidade instalada de energia eólica pode crescer cerca de 500%, ou para dois mil gigawatts (GW), até 2030. Caso a expectativa se confirme, 19% da eletricidade global partirá dessa modalidade. De acordo com a pesquisa, a capacidade atual é de apenas 318 GW, o equivalente a 3% do total da eletricidade gerada em todo o mundo.

 

Europa

 

A Alemanha é um exemplo de país que está lidando com esssa situação. O governo daquele país decidiu mudar radicalmente sua matriz após o vazamento de radiação da Usina de Fukushima, no Japão, em 2011.

 

Diversas usinas nucleares foram fechadas e as empresas do setor tem até 2022 para encerrar todas. A meta alemã é chegar a pelo menos 70% da matriz elétrica baseada em fontes renováveis até o ano de 2050.

 

"Desde o momento em que se decidiu fechar as usinas nucleares, o governo alemão traçou um plano para diversificar suas fontes. A parte central desse plano é o investimento em pesquisa", afirma o diretor executivo da E.ON, Roel van der Stok.

 

A Holanda também tem metas ambiciosas. A perspectiva é ter um sistema de energia sustentável até 2050. A exemplo da Alemanha, o governo holandês também acredita na importância da pesquisa. "Para a Holanda, é preciso que pesquisas de energia saiam do papel e se tornem fontes de geração de energia sustentável", diz o diretor da Agencia Holandesa de Investimentos Estrangeiros (NFIA), Egbert Hartsema.

 

O governo holandês aposta em parcerias com outros países, inclusive o Brasil. Na próxima quinta-feira (23) será assinado a extensão do protocolo de intenções das holandesas BE-Basic, KLM e SkyEnergy com o Governo de Minas para biocombustíveis na área de aviação.

http://www.dci.com.br/em-destaque/diversificacao-de-fontes-ainda-e-lenta,-apesar-de-crise-hidrica---id422278.html

 

 

Atenciosamente

 

Alexandre Kellermann

Alexandre.kellermann@gmail.com

 

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