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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A EPE Divulga o Plano Decenal de Expansão de Energia 2008/2017


Por Adriano Pires - Diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura - CBIE


Em dezembro de 2008, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou o Plano Decenal de Expansão de Energia 2008/2017 (PDEE 08/17), que apresenta uma visão integrada da expansão da oferta e demanda de energia no Brasil no horizonte de estudo. O plano tem por objetivo “definir um cenário de referência para implementação de novas instalações na infraestrutura de oferta de energia, necessárias para se atender ao crescimento dos requisitos do mercado, segundo critérios de garantia de suprimento pré-estabelecidos, de forma ambientalmente sustentável e minimizando os custos totais esperados de investimento, inclusive socioambientais, e de operação”.

Apesar de o estudo ter sido elaborado antes do início da atual crise financeira global, a EPE entende que análises com horizonte decenal ou de mais longo prazo não podem deixar que a deterioração econômica conjuntural de curto prazo contamine a visão para além da crise. No estudo, a EPE considerou uma taxa média de crescimento do PIB de 4,9% a.a. ao longo do período de interesse.

Conforme visto na Tabela 1, a EPE projeta que a produção de nacional de petróleo passará de 1,85 milhões de barris diários em 2008 para 3,92 milhões de barris diários em 2017; um aumento de 111%. Observa-se também uma diminuição da participação do petróleo pesado no total produzido em favor dos tipos leve e médio, cujas produções crescerão, respectivamente, 202% e 195%, enquanto que a produção do petróleo pesado crescerá apenas 17%. Essa hipótese considera a expansão da produção de petróleo para bacias que contém petróleo mais leve e o início da produção no pré-sal.



Segundo a EPE, as reservas totais de petróleo aumentarão 48% no período em questão, atingindo um pico de 38 bilhões de barris em 2011 e daí caindo até 2017, quando se registra cerca de 30 bilhões de barris. O Gráfico 1 ilustra essa evolução tanto para as reservas declaradas, como para as reservas esperadas em campos ainda em fase de avaliação e para as localizadas em campos ainda por serem descobertos. Destaca-se o crescimento observado entre 2010 e 2011 das reservas esperadas em campos em fase de avaliação; reflexo da atual expectativa sobre o início da exploração do pré-sal na Bacia de Santos (notadamente nos Campos de Tupi e Carioca).



Segundo o PDEE 08/17 a demanda por derivados de petróleo deverá crescer 43% entre 2008 e 2017 no Brasil, registrando 425 mil m³ diários no fim do período. De acordo com a Tabela 2, a maior parte desse incremento virá do óleo diesel, que se mantém no topo da demanda durante todo o período considerado.



Segundo a EPE, a Petrobras e seus parceiros serão os principais investidores em novas unidades ou refinarias no país. Em vista das exigências cada vez mais rigorosas em termos de qualidade dos derivados, além de 4 novos projetos até 2017 (Comperj, duas refinarias Premium e refinaria Abreu e Lima), grande parte dos investimentos no setor de refino será destinada a unidades de conversão e de tratamento a fim de adequar a produção nacional às novas especificações. Com os novos investimentos, a produção nacional de derivados deverá aumentar dos atuais 296 m³ diários para 333 m³ diários, representando um aumento de 12,5%.

A produção de etanol está prevista para crescer em média 9% a.a. no período 2008-2017, passando de 25 para 55 milhões de m³, segundo estimativa do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (MAPA). Conforme exposto na Tabela 3, a demanda por etanol atingirá 53 milhões de m³ em 2017, crescendo em média 12% a.a. no período observado. Esse crescimento é puxado pelo etanol hidratado, uma vez que o anidro registra queda média de 3,5% a.a..

A quantidade total ofertada de biodiesel para o período em análise atinge 14,5 milhões de m³ em 2017; 31% maior do que os 11,1 milhões de m³ de 2008. A maior parte desse crescimento será proveniente do Centro-Oeste, que continuará sendo a principal região produtora do país. O biodiesel apresenta forte aumento até 2010, crescendo, posteriormente, a taxas menores e atingindo 3,5 milhões de m³ em 2017.


O consumo de biomassa da cana, excluindo o destinado à produção de álcool, está projetado para crescer em média 3,8% a.a. entre 2008 e 2017, registrando 4,1% a.a. no período 2008-2012 e 3,4% a.a. no período 2013-2017. Tal crescimento é atribuído basicamente à crescente mecanização da colheita de cana-de-açúcar, bem como supondose o aumento da produtividade da indústria sucroalcooleira.

No segmento de gás natural, projeta-se um crescimento de 130% na produção entre 2008 e 2017, que atingirá 140 milhões de m³/d em 2017. De acordo com o PDEE 08/17, as contribuições do gás natural associado e do não-associado se tornarão praticamente equivalentes a partir de 2010, embora a produção do gás natural associado permaneça ainda majoritária.

As reservas de gás natural deverão aumentar aproximadamente 29% no período em questão, atingindo cerca de 739 bilhões de m³ em 2017. O Gráfico 2 ilustra essa evolução tanto para as reservas declaradas, como para as reservas esperadas em campos ainda em fase de avaliação e para as localizadas em campos ainda por serem descobertos. Da mesma forma que no caso do petróleo, haverá uma expansão das reservas de gás natural entre 2010 e 2011 em campos em fase de avaliação, conseqüência do grande potencial gasífero esperado na Bacia de Santos.


Conforme apresentado na Tabela 4, segundo a EPE, a demanda por gás natural crescerá à média de 4,8% a.a. entre 2008 e 2017, atingindo cerca de 54 milhões de m³/d no fim do período. A maior taxa de crescimento será registrada pelo setor residencial (em torno de 8% a.a.), enquanto que a menor taxa ocorrerá no uso automotivo do gás (por volta de 4% a.a.).



O PDEE 08/17 projeta que a carga própria de energia do Sistema Interligado Nacional (SIN) crescerá em média 4,9% a.a. no período 2007-2017, conforme apresentado na Tabela 5. Tal variação representa um incremento total da carga da ordem de 28 GWmédios. Destaca-se também o acréscimo de aproximadamente 31% na carga da região Norte em 2012, quando ocorre a interligação do sistema Manaus/Macapá/margem esquerda do Amazonas ao SIN.



A EPE prevê que 187 usinas entrarão em operação entre 2008 e 2017, sendo 79 hidrelétricas e 108 termelétricas, gerando um total de 64 mil MW. Desse incremento, 67% virão de usinas hidrelétricas e 10% de termelétricas movidas a fontes de energia renováveis e/ou menos poluentes (i.e. biomassa, biogás, gás natural e gás de processo). Conforme mostra o Gráfico 3, na matriz energética nacional de 2017, os derivados do petróleo perdem espaço para a eletricidade e para os biocombustíveis em comparação com a matriz atual.



As projeções refletem um grande otimismo em relação ao crescimento econômico e ao consumo energético. Salienta-se que a elaboração do documento ocorreu anteriormente ao desencadeamento da crise, portanto seus efeitos não foram levados em consideração.

Texto publicado originalmente pelo CBIE - Centro Brasileiro de Infra-Estrutura - através do informativo "Energia em Foco" #69.

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