Estabeleçamos, para dar sentido a estas reflexões, uma referência histórica, para compararmos com o panorama tecnológico e cultural de hoje. Escolhi a década de 1960 por alcançá-la fácil com a memória, além de representar um período especial de minha vida.
Era precário, então, o acesso às informações. Tal foi o progresso havido após, que me arrisco a chamar aquela época de “pré-história” das comunicações. Tempo da máquina de escrever manual, do off-set como técnica de impressão e do stencil para multiplicar cópias. Calculadoras eletrônicas não existiam. Largo uso de réguas de cálculo e ábacos. A transmissão mais rápida de mensagem era o telegrama ou o rádio amador. Computadores eram coisa de “cientistas loucos”. Funcionavam com “cartões perfurados”, numa sala ampla, com baixíssima capacidade de armazenamento de dados.
Foi imensa a mudança! Se alguém se embrenhasse por uns 40 anos numa tribo de índios, ao voltar, teria muita dificuldade de acreditar ter sido possível o progresso havido em tão pouco tempo. Veria espantado uma transmissão do que acontece no mundo, ao vivo, em TV colorida digital. Comunicações telefônicas via satélite, tipo DDD, telefones sem fio, sobretudo os portáteis (celulares), usados por milhões de pessoas de variada condição socioeconômica. Máquinas fotográficas digitais de alta resolução. E o mais espantoso de tudo: PC e Internet.
Nesse meio tempo, o socialismo real fracassou como sistema de governo, simbolizado na queda do muro de Berlim pelos próprios habitantes da Alemanha Oriental. A Guerra Fria e a ameaça iminente de uma guerra nuclear arrefeceram, gerando crise na indústria de armamentos, principalmente nos EUA. Hoje tal indústria, juntamente com a do petróleo, para sobreviverem, fomenta guerras em várias partes do mundo, usando inclusive pretextos falsos como a eliminação de armas de destruição em massa, que eles próprios criaram.
Restou o capitalismo como sistema econômico. O mercado reina soberano em todo o mundo e os liberais passaram a propor explicitamente as privatizações, com a redução da influência e do tamanho dos governos em todos os setores, para ampliar o crescimento das corporações. Esse sistema fomenta o consumo de produtos, oferecendo financiamento sem lastro para mantê-lo operando. Nas crises sistêmicas, cíclicas, aceitam de bom grado a intervenção dos governos, via estatização e socializando prejuízos.
O homem chegou à Lua no longínquo ano de 1969. Desde então, aumentaram muito as comodidades e os meios de comunicação interpessoal. As fronteiras entre países foram redesenhadas ou perderam o seu antigo significado, assim como o serviço militar. As novas tecnologias permitiram ao homem poupar mais tempo e recursos. Nunca se teve tanto tempo livre, mas surgiram tantas formas de ocupá-lo, que a sensação é inversa... Surgiram novas e terríveis enfermidades e viu-se aumentar o consumo de drogas, coincidindo com a perda de influência das religiões que pregavam o castigo eterno. A violência na sociedade aumentou de forma exponencial. O crescente consumo descontrolado de bens faz o meio ambiente gritar por socorro, face ao esgotamento de recursos naturais e extinção de numerosas espécies. Esse o preço altíssimo que pagamos pelo progresso.
Apesar de tudo, acredito na capacidade do Homem de reverter esse processo à medida que, de forma radical, as novas gerações tomem a frente na efetivação de providências para a preservação da Vida no Planeta, com a urgente introdução de regras cada vez mais rígidas de respeito à natureza. Indispensável torna-se a decisão dos líderes mundiais de planejar desenvolvimento social e tecnológico equânime por toda parte no globo, sustentado por taxas sobre a movimentação financeira internacional. Tal processo consiste na busca de revolução nos padrões de educação e saúde, adoção de práticas conservacionistas na produção e consumo, com redução do uso e reciclagem de materiais, redução drástica no uso de agrotóxicos, paralelamente à expansão da produção orgânica, substituição mais acelerada do uso de energias fósseis por energias de fontes renováveis, economia e reuso da água, reflorestamento com o replantio de espécies nativas, recuperação de áreas e cursos d’água degradados, limpeza dos oceanos, uso responsável da biotecnologia etc.
Tal relação está longe de esgotar providências necessárias à salvação do nosso lar comum, este planeta tão mal tratado por nossa geração e as precedentes. Nada disso será possível sem que nos transformemos como indivíduos e sociedade, reconhecendo a responsabilidade de cada um, enxergando no meio ambiente recurso que nos cumpre usar para o bem de todos, adotando valores morais e humanísticos como a solidariedade, a compaixão e o senso de justiça.
http://www.opovo.com.br/opovo/opiniao/866089.html
Era precário, então, o acesso às informações. Tal foi o progresso havido após, que me arrisco a chamar aquela época de “pré-história” das comunicações. Tempo da máquina de escrever manual, do off-set como técnica de impressão e do stencil para multiplicar cópias. Calculadoras eletrônicas não existiam. Largo uso de réguas de cálculo e ábacos. A transmissão mais rápida de mensagem era o telegrama ou o rádio amador. Computadores eram coisa de “cientistas loucos”. Funcionavam com “cartões perfurados”, numa sala ampla, com baixíssima capacidade de armazenamento de dados.
Foi imensa a mudança! Se alguém se embrenhasse por uns 40 anos numa tribo de índios, ao voltar, teria muita dificuldade de acreditar ter sido possível o progresso havido em tão pouco tempo. Veria espantado uma transmissão do que acontece no mundo, ao vivo, em TV colorida digital. Comunicações telefônicas via satélite, tipo DDD, telefones sem fio, sobretudo os portáteis (celulares), usados por milhões de pessoas de variada condição socioeconômica. Máquinas fotográficas digitais de alta resolução. E o mais espantoso de tudo: PC e Internet.
Nesse meio tempo, o socialismo real fracassou como sistema de governo, simbolizado na queda do muro de Berlim pelos próprios habitantes da Alemanha Oriental. A Guerra Fria e a ameaça iminente de uma guerra nuclear arrefeceram, gerando crise na indústria de armamentos, principalmente nos EUA. Hoje tal indústria, juntamente com a do petróleo, para sobreviverem, fomenta guerras em várias partes do mundo, usando inclusive pretextos falsos como a eliminação de armas de destruição em massa, que eles próprios criaram.
Restou o capitalismo como sistema econômico. O mercado reina soberano em todo o mundo e os liberais passaram a propor explicitamente as privatizações, com a redução da influência e do tamanho dos governos em todos os setores, para ampliar o crescimento das corporações. Esse sistema fomenta o consumo de produtos, oferecendo financiamento sem lastro para mantê-lo operando. Nas crises sistêmicas, cíclicas, aceitam de bom grado a intervenção dos governos, via estatização e socializando prejuízos.
O homem chegou à Lua no longínquo ano de 1969. Desde então, aumentaram muito as comodidades e os meios de comunicação interpessoal. As fronteiras entre países foram redesenhadas ou perderam o seu antigo significado, assim como o serviço militar. As novas tecnologias permitiram ao homem poupar mais tempo e recursos. Nunca se teve tanto tempo livre, mas surgiram tantas formas de ocupá-lo, que a sensação é inversa... Surgiram novas e terríveis enfermidades e viu-se aumentar o consumo de drogas, coincidindo com a perda de influência das religiões que pregavam o castigo eterno. A violência na sociedade aumentou de forma exponencial. O crescente consumo descontrolado de bens faz o meio ambiente gritar por socorro, face ao esgotamento de recursos naturais e extinção de numerosas espécies. Esse o preço altíssimo que pagamos pelo progresso.
Apesar de tudo, acredito na capacidade do Homem de reverter esse processo à medida que, de forma radical, as novas gerações tomem a frente na efetivação de providências para a preservação da Vida no Planeta, com a urgente introdução de regras cada vez mais rígidas de respeito à natureza. Indispensável torna-se a decisão dos líderes mundiais de planejar desenvolvimento social e tecnológico equânime por toda parte no globo, sustentado por taxas sobre a movimentação financeira internacional. Tal processo consiste na busca de revolução nos padrões de educação e saúde, adoção de práticas conservacionistas na produção e consumo, com redução do uso e reciclagem de materiais, redução drástica no uso de agrotóxicos, paralelamente à expansão da produção orgânica, substituição mais acelerada do uso de energias fósseis por energias de fontes renováveis, economia e reuso da água, reflorestamento com o replantio de espécies nativas, recuperação de áreas e cursos d’água degradados, limpeza dos oceanos, uso responsável da biotecnologia etc.
Tal relação está longe de esgotar providências necessárias à salvação do nosso lar comum, este planeta tão mal tratado por nossa geração e as precedentes. Nada disso será possível sem que nos transformemos como indivíduos e sociedade, reconhecendo a responsabilidade de cada um, enxergando no meio ambiente recurso que nos cumpre usar para o bem de todos, adotando valores morais e humanísticos como a solidariedade, a compaixão e o senso de justiça.
http://www.opovo.com.br/opovo/opiniao/866089.html

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