Bom, para falar a verdade, essa é aquela famosa “volta dos que não foram”, né?
Perdi umas das melhores páginas da história sueca recente, por não viver aqui na época da votação popular a respeito da energia nuclear, em 1980.
A história não tem volta, diz-se, mas os anúncios recentes do governo sueco parecem dar-me a chance de aprender mais sobre o assunto e participar dessa discussão.
Nos anos 80, ganharam os que advogaram por um máximo de doze reatores nucleares, contra aqueles que eram totalmente contrários à energia nuclear. Mas, depois do acidente em Chernobil, na Ucrânia, dois reatores foram fechados, aqui. Hoje, existem, na Suécia, dez reatores nucleares em funcionamento, que respondem por cerca da metade do fornecimento de energia elétrica.
Mas o governo quer autorizar a construção de outros. Para isso, propõe o fim da proibição vigente e uma ampla discussão entre todos os partidos políticos. A energia nuclear tem sido um tema complicadíssimo no universo político sueco. Os nervos ficam tão tensos quando se toca no assunto, que fica quase impossível discutir de forma racional sobre o futuro da política energética do país.
Mas muitos destacam que, sem a energia nuclear, não teria sido possível alcançar a combinação entre bem-estar econômico e os baixos níveis relativos de emissão de dióxido de carbono, no país.
De qualquer forma, há cerca de um mês, o governo anunciou uma nova política. Até 2020, a Suécia reduzirá suas emissões de gases do efeito estufa em 40%. Além disso, o objetivo é que 50% do fornecimento de energia venha de fontes renováveis. O parque automotivo deverá progredir no sentido se tornar-se independente dos combustíveis fósseis, enquanto serão revogadas as leis que prevêem a total desativação dos reatores nucleares existentes e proíbem a construção de novos. Na prática, isso significa que os reatores antigos podem ser substituídos por novos.
Segundo os anúncios, não haverá subsídios para construção de usinas nucleares. Mas o governo planeja estimular a energia eólica e um uso mais eficiente das fontes existentes. E exemplos por perto não faltam. Basta olhar no espelho da vizinha Dinamarca, onde mais de 20% do fornecimento de energia vem dos ventos.
Pessoalmente, prefiro os ventos ao urânio. Mas, como em quase tudo na vida, essa também é uma questão de trade-off, de custos de oportunidade. Ô expressãozinha que nos é tão cara aos economistas!
Sem dúvida, os riscos relacionados com a energia nuclear me assustam. Não só pela possibilidade de acidentes, mas também por causa do lixo nuclear. Que fazemos com ele?
Mas, ver os campos e mares “enfeitados” por aquelas hélices das plantas de energia eólica também não me agrada muito não, devo confessar.
Enfim... as difíceis escolhas que temos de adotar... Será, mesmo, que só existem essas alternativas para uma vida moderna? Eu não entendo do assunto, mas o que acontece com a energia solar, hein?
Com a palavra os que entendem de política energética.
Leitora do blog, Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há quase uma década em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=a-volta-da-energia-nuclear&cod_Post=170394&a=111
Perdi umas das melhores páginas da história sueca recente, por não viver aqui na época da votação popular a respeito da energia nuclear, em 1980.
A história não tem volta, diz-se, mas os anúncios recentes do governo sueco parecem dar-me a chance de aprender mais sobre o assunto e participar dessa discussão.
Nos anos 80, ganharam os que advogaram por um máximo de doze reatores nucleares, contra aqueles que eram totalmente contrários à energia nuclear. Mas, depois do acidente em Chernobil, na Ucrânia, dois reatores foram fechados, aqui. Hoje, existem, na Suécia, dez reatores nucleares em funcionamento, que respondem por cerca da metade do fornecimento de energia elétrica.
Mas o governo quer autorizar a construção de outros. Para isso, propõe o fim da proibição vigente e uma ampla discussão entre todos os partidos políticos. A energia nuclear tem sido um tema complicadíssimo no universo político sueco. Os nervos ficam tão tensos quando se toca no assunto, que fica quase impossível discutir de forma racional sobre o futuro da política energética do país.
Mas muitos destacam que, sem a energia nuclear, não teria sido possível alcançar a combinação entre bem-estar econômico e os baixos níveis relativos de emissão de dióxido de carbono, no país.
De qualquer forma, há cerca de um mês, o governo anunciou uma nova política. Até 2020, a Suécia reduzirá suas emissões de gases do efeito estufa em 40%. Além disso, o objetivo é que 50% do fornecimento de energia venha de fontes renováveis. O parque automotivo deverá progredir no sentido se tornar-se independente dos combustíveis fósseis, enquanto serão revogadas as leis que prevêem a total desativação dos reatores nucleares existentes e proíbem a construção de novos. Na prática, isso significa que os reatores antigos podem ser substituídos por novos.
Segundo os anúncios, não haverá subsídios para construção de usinas nucleares. Mas o governo planeja estimular a energia eólica e um uso mais eficiente das fontes existentes. E exemplos por perto não faltam. Basta olhar no espelho da vizinha Dinamarca, onde mais de 20% do fornecimento de energia vem dos ventos.
Pessoalmente, prefiro os ventos ao urânio. Mas, como em quase tudo na vida, essa também é uma questão de trade-off, de custos de oportunidade. Ô expressãozinha que nos é tão cara aos economistas!
Sem dúvida, os riscos relacionados com a energia nuclear me assustam. Não só pela possibilidade de acidentes, mas também por causa do lixo nuclear. Que fazemos com ele?
Mas, ver os campos e mares “enfeitados” por aquelas hélices das plantas de energia eólica também não me agrada muito não, devo confessar.
Enfim... as difíceis escolhas que temos de adotar... Será, mesmo, que só existem essas alternativas para uma vida moderna? Eu não entendo do assunto, mas o que acontece com a energia solar, hein?
Com a palavra os que entendem de política energética.
Leitora do blog, Sandra Paulsen, casada, mãe de dois filhos, é baiana de Itabuna. Fez mestrado em Economia na UnB. Morou em Santiago do Chile nos anos 90. Vive há quase uma década em Estocolmo, onde concluiu doutorado em Economia Ambiental.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?t=a-volta-da-energia-nuclear&cod_Post=170394&a=111

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