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quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Faculdade faz diferença?

Não só pelo prazer de marcar superior completo ao preencher uma ficha de inscrição, mas fazer uma faculdade é algo muito proveitoso.

 

Por exemplo, é a primeira vez (exceto se você já tiver feito um curso técnico) que seu conhecimento escolar será orientado para um fim específico – a sua futura profissão – ao contrário do que acontecia no pré-vestibular, onde você aprendia tanto a fatorar polinômios de grau n quanto a diferenciar platelmintos de anelídeos.

 

Outro fator positivo é o formato dos “trabalhos de escola”. Você faz mais atividades em campo (sai às ruas), e seu grupo começa a mostrar certa semelhança com o futuro departamento da empresa onde você trabalhará.

 

Ou seja, é um treino e tanto. E mesmo que conheçamos histórias de pessoas – em geral, empresários – que triunfaram sem muito se dedicar à educação formal, parece senso comum que esta situação é mais a exceção que a regra e, a não ser que você seja um gênio ou tenha muita sorte, o melhor mesmo é estudar.

 

Tendo esses últimos parágrafos contribuído para reconhecermos a vantagem de fazer uma faculdade versus não fazê-la, passemos agora a examinar se a escolha da faculdade X em detrimento da faculdade Y poderá fazer diferença para o seu futuro profissional.

 

Visto que minha formação se deu em Comunicação e Marketing, por prudência e mesmo por incompetência não vou, aqui, recomendar esse ou aquele curso de TI. Mas algumas passagens da minha história universitária talvez possam nos ajudar a ampliar esta reflexão.

 

* * *

 

Quando, no então terceiro colegial, devaneava eu – aquele pós-adolescente imberbe – sobre qual faculdade faria, havia muito mais dúvidas que certezas. Por sorte eu conhecia bem o que eu não queria fazer e isso me ajudou a escolher o curso superior quase que por eliminatória.

 

Decidida a área, comecei a pensar que eu teria mais chances no mercado de trabalho se caprichasse na escolha; em outras palavras, se cursasse a melhor faculdade possível. Orientado pelos professores, lancei-me a estudar para passar naquela e somente naquela faculdade. Um indício desse foco na qualidade foi a opção (para desespero dos meus pais, inclusive) de prestar a prova somente para aquela instituição.

 

Graças a Deus, passei. E escapei de ser deserdado.

 

Tempos depois, já formado, embora ainda imberbe talvez por uma condição genética qualquer, recebi uma pesquisa relativamente extensa da escola. Inicialmente tomado por um certo egoísmo e querendo proteger o meu tempo mais do que os interessas da escola, pensei em ignorar a pesquisa. Mas, então, li uma frase para lá de persuasiva, que dizia, com outras palavras, algo mais ou menos assim:

 

“Queremos que você responda essa pesquisa para melhorarmos continuamente e permanecermos no topo. Lá na frente, quando você disser que se formou nesta escola, vai querer que ela tenha se transformado em uma instituição decadente e ultrapassada? Não, né? Então responde a pesquisa aí, mané.”

 

Movido ainda pelo mesmo egoísmo, só que agora revestido de cândida solicitude, respondi a pesquisa em sua totalidade.

 

– Mas, Álvaro, há alguma evidência de que isso realmente faça diferença? Até agora parece que você está só puxando o saco da escola...

 

Acredite, não estou, e eis uma declaração de um ex-professor para figurar como essa evidência que você está solicitando:

 

“Vocês não sabem como é lá fora, como os recrutadores analisam os currículos. Eu tenho contato com presidentes de empresa, pessoal de RH e é assim que funciona: quando eles precisam de alguém da área de vocês, eles fazem duas pilhas de currículos, a primeira com os currículos de alunos desta escola e outra com os currículos dos alunos de todas as outras escolas. Somente se eles não encontrarem nada na primeira pilha é que eles olham a segunda.”

 

Essa declaração – talvez um pouco exagerada, de fato – deve ser entendida menos como uma forma arrogante de dizer “eu pertenço a essa pilha aqui” e mais como um indicador de como o mercado se comporta na hora de contratar profissionais.

 

Basta você se colocar no lugar do recrutador e imaginar que ele não conhece o candidato a fundo e tampouco terá tempo para conhecê-lo a fundo antes de contratá-lo. O recrutador precisa de ferramentas para diminuir suas chances de erro na contratação e a reconhecida qualidade da instituição onde o candidato estuda ou estudou é uma dessas ferramentas.

 

E não pense você que estou querendo “valorizar meu passe” com tudo isso. O mérito não é meu, é da escola. Repare que eu não disse “currículos de pessoas que se chamam Álvaro em uma pilha e o resto em outra”. Não sou eu a questão, mas a faculdade. É ela que está fazendo a diferença e essa é, precisamente, a resposta à pergunta que dá título a esse artigo.

 

Pense nisso.

 

IMPORTANTE: Você não precisa perder as esperanças se não conseguiu fazer uma faculdade ou se não fez aquela que gostaria. Profissionais oriundos de escolas de prestígio também são recusados em processos seletivos. E, se empregados, também são demitidos ou ganham salários ruins. Repare que nossa pergunta-tema é simples: “Faz diferença?”. E a resposta também é simples: “Faz.”. Mas é só isso: faz diferença. E fazer diferença está muito longe de ser garantia.

http://www.sorocabati.com.br/noticia/faculdade-faz-diferenca

 

Atenciosamente

 

Alexandre Kellermann

Alexandre.kellermann@gmail.com

 

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