Foi quinta-feira, pelas 7h15, que Portugal registou um novo máximo na exportação de energia eléctrica, com 2603 megawatts (MW). O anterior máximo histórico de exportação situava-se em 2258 MW verificados em janeiro de 2013.
Não é muito vulgar mas quinta-feira, ao princípio da manhã, o mercado ibérico estava a pagar a eletricidade a 35 euros por cada megawatt hora (MWh). Foi precisamente por isso e por ter havido muita produção em território nacional para a procura, no momento, que se optou pela exportação. Porque, na verdade, em muitas situações, as exportações para Espanha chegam a acontecer a custo zero. Basta que, do lado de lá da fronteira, também esteja a haver excesso de produção para que tal suceda.
Àquela hora da manhã de quinta, de acordo com a REN (Redes Energéticas Nacionais) "a produção eólica era muito elevada e o consumo nacional não ultrapassava os 5227 MW".
75% da eletricidade consumida foi renovável
Como quinta foi um dia de muito vento, no pico da procura - o que ocorreu por volta das 18h45 - perto de 70% da produção estava a ser assegurada por fontes renováveis, com um claro domínio da energia eólica.
No conjunto do dia, em que se consumiram 143 gigawatts hora, o contributo de renováveis ascendeu a 75% do total, ou seja, foi um dos dias com mais incorporação de energia verde de sempre.
Exportações crescem 532,8%
De acordo com a REN, a eletricidade exportada entre o dia 1 e 13 de novembro deste ano aumentou 532,8% face ao mesmo período de 2013
Sempre que há mais produção que consumo, que é o que acontece quando o vento sopra muito e durante muito tempo, mas sobretudo durante a noite quando a maior parte das pessoas estão a dormir, há duas maneiras de não desperdiçar a eletricidade renovável: ou se exporta (o que só acontece quando Espanha precisa mesmo, pois as interligações elétricas com o resto da Europa são reduzidas); ou se canaliza para as barragens que fazem bombagem.
O que é que acontece quando a eletricidade eólica chega às barragens? É muito simples: colocam-se as turbinas a andar ao contrário. Ou seja, já que ainda não se pode armazenar energia, aproveita-se a que está disponível para armazenar matéria-prima (leia-se água) para fazer mais algum tempo depois. Puxa-se a água dos rios para trás e coloca-se novamente nas albufeiras, para depois ser utilizada de novo na produção de eletricidade nomeadamente nos picos de procura, e sobretudo no verão
Até às 6h00 o excesso de eletricidade serviu para por a água dos rios a andar ao contrário
Quinta-feira, e segundo dados da REN, até às seis horas da madrugada, houve várias barragens a fazerem bombagem. O que significa que o execesso de eletricidade estava a ser utilizado para repor água nas albufeiras. A partir daquela hora, os preços da eletricidade no mercado ibérico subiram até as 35 euros por MWh e então canalizou-se o excesso de produção para Espanha. Mas desta vez em quantidades recorde para Portugal.
Apesar deste episódio de grande exportação num só dia, no conjunto do ano de 2014, Portugal ainda continua importador. Ou seja, até final de outubro as importações ainda representavam 3% do total do consumo.
No entanto, segundo a REN, em novembro o país voltou a ter um saldo exportador.
http://expresso.sapo.pt/portugal-ontem-bateu-recorde-na-exportacao-de-energia=f898211
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
Alexandre.kellermann@gmail.com
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