A AGL fornece energia a 3,8 milhões de lares na Austrália, diz o Guardian, que realça que o antigo diretor da empresa era um adepto das energias fósseis, tendo adquirido a central a carvão de Loy Yang, uma das maiores do tipo e que produz cerca 1/3 da energia elétrica consumida no estado de Vitória.
O novo diretor afirma, no entanto, que não vai estender a vida ativa desta nem das suas restantes centrais a carvão, nem investir na construção ou aquisição de novas infraestruturas semelhantes, fazendo a transição para formas de produção de energia limpa ao longo dos próximos 35 anos.
Andy Vesey afirma-se assim, comprometido com o objetivo de limitar o aumento da temperatura global aos dois graus Célsius que os cientistas defendem que são o valor máximo para evitar consequências graves:
“Atualmente, a Austrália depende de forma significativa do carvão e gás para fornecer energia aos seus lares e indústrias, com 88% da sua eletricidade produzida a partir de combustíveis fósseis”, afirmou Andy Vesey. “Para apoiar o governo no seu compromisso de trabalhar na direção da meta dos dois graus, é preciso que companhias como a AGL assumam a liderança”.
A iniciativa da AGL foi saudada pelo governo do estado de Victoria: “Acreditamos na ciência das alterações climáticas e apoiamos ativamente o desenvolvimento de mais tecnologias de energias renováveis, bem como de eficiência energética”, disse uma porta-voz do Ministério da Energia e Recursos.
No entanto, os grupos com motivações ambientalistas tecem algumas críticas. Com efeito, a ONGA Environment Victoria considera que 35 anos é um intervalo de tempo demasiado longo:
“É como dizer 'Vou deixar de fumar, mas fá-lo-ei daqui a uma década'”, referiu Mark Wakeham, diretor da associação. “A intenção é boa, mas os prazos são, ainda assim, algo preocupantes, demonstrando que há consciência do problema mas não há pressa em resolvê-lo”.
A mesma opinião é partilhada por James Grugeon do grupo cívico GetUp!, que afirmou ser “ótimo que a AGL esteja finalmente a ouvir os 9 em cada australianos que querem energias renováveis”, mas que “é uma pena que a empresa vá continuar a bombear carbono para a atmosfera até 2050”.
Por outro lado, o partido australiano d'Os Verdes manifesta-se algo reticente em acreditar naquela que é uma mudança radical da política da AGL:
“Sou cética quanto às motivações da AGL já que têm feito campanha contra o objetivo da energia renovável e, de facto, este [anúncio] veio demasiado tarde”.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
Alexandre.kellermann@gmail.com
Postar um comentário