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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Brasil não precisa diminuir consumo, mas sim consumir energia de forma mais eficiente afirma especialista

Catequizar a população brasileira a consumir menos energia elétrica não deve ser prioridade do governo nem das concessionárias de energia elétrica. Segundo o especialista em regulação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), Daniel Vieira, que participou do último dia de congresso na Latin American Utility Week – evento voltado para o setor de utilities, que aconteceu em São Paulo de 23 a 25 de setembro – o prioritário para o país é concentrar esforços e investimentos no ganho de eficiência na geração e no consumo inteligente para resolver a lacuna existente na demanda energética dos estados brasileiros.

 

Na visão de Vieira, o Brasil precisa de mais qualidade de serviço, redução de perdas e diminuição dos picos de consumo para atingir um nível aceitável e mais inteligente. “Necessitamos ampliar as fontes de energia. Sair do lugar comum em termos de geração de energia eólica, biomassa, solar, hidráulica e termoelétrica. Temos que regulamentar novas formas de produção, como a de força motriz humana ou a geração distribuída em um condomínio, por exemplo”, destacou.

 

Recentemente, depois de diversas audiências públicas, a agência chegou a uma definição para a regulamentação da mini e microgeração distribuída, que beneficia quem produz sua própria energia e pode ser bastante atrativa financeiramente. “Se você tem uma forma de geração de energia na sua casa, como a solar, por exemplo, e produz 300 kw, consumindo no total 500 kw ao final do mês, sua conta será referente a 200 kw. Caso a situação seja inversa, o produtor fica com créditos de consumo válidos por 36 meses para usar quando quiser, ou até mesmo para utilizar em outro imóvel que seja abastecido pela mesma companhia elétrica”, explicou.

 

O gerente de Medição da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica), Dalmir Capetta apresentou aos participantes do congresso um comparativo que exemplifica que a demanda brasileira é por mais eficiência: o país consome, atualmente, cerca de 2 mil kilowatt/hora per capita, enquanto que os Estados Unidos apresentam um consumo de 13 mil kwh. “Se formos comparar, só o estado do Texas consome aproximadamente o equivalente ao que é consumido em nosso país inteiro. Nosso problema está na geração, na transmissão e na medição”, disse.

 

Cidades inteligentes - Durante os três dias de evento, mais de 80 pales tras e 130 pales trantes ofereceram conteúdo exclusivo para os participantes. E os temas cidades e redes elétricas inteligentes, bem como o espaço e o futuro da internet das coisas, também foram alvos de debates no último dia de LAUW.

 

Para Bernardo Charnis, con sultor da Smart Cities and Broadband Projects Consulting, é preciso uma mudança cultural e política para o desenvolvimento das smart cities.”É necessário mostrar ao cidadão e ao poder público sua importância”.

 

Um dos casos apresentados na pales tra da Sonda Utilities demonstra exatamente esta mudança de paradigma em relação as cidades inteligentes. “Um dos nossos clientes, a Copel – Companhia Paranaense de Energia, adotou um sistema que utiliza a mesma rede para atender três empresas de medição diferente, em variados segmentos, como energia e gás. Além disso, eles tiveram participação na reconstrução de São Luís do Paraitinga, devastada pela chuva e já adotou o conceito de cidade inteligente controlando iluminação pública e medição de energia pela mesma rede”, explicou o gerente de Desenvolvimento de Negócios da empresa, Antonio de Arimateia.

 

Consumidor Final - Conectividade aplicada ao cotidiano do usuário, associada às tarefas cotidianas, à segurança e ao monitoramento foi o assunto do painel “Casa Conectada”, do qual participaram o gerente de Soluções da Ericsson, Alberto Rodrigues, a gerente de Medição e Tecnologia da Elektro, Lorena Teixeira, o diretor Comercial da AES Eletropaulo, Ederson Souto e o gerente de Produtos da América Latina da D-Link, Rodrigo Paiva. “Um estudo mundial apontou que seis em cada 10 pessoas demonstram interesse em viver em uma casa conectada, onde é possível controlar questões como segurança e gastos de energia”, afirmou Rodrigues, que explicou, ainda, que por enquanto a tecnologia enfrenta barreiras como os altos custos.

 

Para Lorena Teixeira, o conceito mudaria a forma de relacionamento entre consumidor e fornecedoras de energia. “Ele poderia acompanhar de perto tudo o que acontece e, ao final do mês, a conta de luz deixaria de ser uma surpresa”. De opinião semelhante, Souto destacou que a aproximação com o cliente seria positiva, auxiliando na economia de custos.

 

Eficiência - Destacando dados do aumento de projetos de eficiência energética e consciência do consumidor, Alexandre Schinazi, o diretor de Auditoria Energética da Mitsidi Projetos, apontou problemas de consumo como custos de energia, poluição da matriz energética e necessidade de manutenção e retrofit. O uso de medidores inteligentes em larga escala e a expansão da energia fotovoltáica e microgeração poderiam, na visão dele, acelerar as mudanças estruturais com impactos de curto e longo prazo.

 

Na pales tra “Perspectivas e Barreiras para o Avanço da Geração Solar Fotovoltáica Distribuída e Eólica no Brasil”, o diretor-presidente da Axis Renováveis, Rodrigo Marcolino deu um panorama a respeito dessa fonte de energia e explicou seus principais obstáculos. “Enfrentamos problemas de mão de obra, financiamentos, taxas e falta de fornecedores com forte presença no mercado nacional.

 

Novas tecnologias e equipamentos mobilizam mercado

Lançamentos para atender as novas regulamentações dos órgãos regulatórios, softwares de última geração para leitura de dados, combate de perdas e consumo mais eficientes. Este foi o cenário apresentado pelas mais de 70 marcas nacionais e internacionais que participaram da LAUW e da Energen Expo.

 

Entre as empresas que trouxeram novidades estava a líder mundial na fabricação e comercialização de soluções em medição de energia elétrica do país, a Elster. No evento ela divulgou uma de suas principais soluções, o sistema de medição centralizada Garnet, uma solução AMI (Advanced Metering Infrastructure) que permite à distribuidora acessar remotamente o ponto medido para desligá-lo ou religá-lo, sem a necessidade do deslocamento de um profissional. As vantagens são redução dos custos operacionais da concessionária e dificuldade de acesso ao medidor, evitando fraudes e diminuindo em até 90% as perdas de energia. “Consideramos este o principal evento para nossa empresa e utilizamos este momento para despertar o desejo dos nossos clientes e também sanarmos as dúvidas ao vivo que, às vezes, não podem ser solucionadas por telefone”, disse o CEO da empresa, Hugo Lipper.

 

A executiva Jussara Aguiar, diretora da Utili, empresa fornecedora de serviços de manutenção elétrica, compensação de reativos, sistemas de comunicação, teleproteção, inspeção e calibração de medidor de energia, também destacou a importância de encontrar seus clientes aqui na feira. “É o sexto ano que participamos e consigo aqui realizar diversos contatos comerciais, evitando o custo de viagens pelo país. O público que participa do evento é bastante selecionado e a qualidade do networking é intensa”, contou.

 

A CAS Tecnologia apresentou na feira duas novidades: os aplicativos MOBii e o Athena, ambos voltados para as concessionárias de água, energia e gás. Destaque para o MOBii Minha Conta, que será lançado em dezembro, e é direcionado para o consumidor final, que poderá conferir por meio de tablet ou smartphone o desempenho do consumo da residência. O gerente de Marketing da CAS, Octávio Brasil, contou que o evento é um bom momento para obter contatos e prospectar novos clientes.

 

Líder global no fornecimento de produtos integrados de gestão de energia, a Landis+Gyr, trouxe a sua nova geração de medidores E650/E750, destinados a consumidores comerciais e industriais. Os novos equipamentos oferecem várias possibilidades de comunicação e são multitarifa, com quatro quadrantes, e dependendo da configuração com 15 a 48 canais de memórias de massa

 

Visitação qualifica networking durante a LAUW

O responsável pelo setor de leitura e entrega de contas da Companhia Elétrica do Ceára, Marcio Almeida, visitou a LAUW pela primeira vez e encontrou entre os expositores do evento exatamente as soluções que precisava para dar continuidade aos projetos que desenvolve atualmente. “Tive a oportunidade de prospectar todos os fornecedores que precisava, como os de coletores, impressoras, equipamentos técnicos e até os que estávamos precisando homologar. Estive pre sente nos três dias e pude conhecer tudo, foi uma ótima oportunidade para acompanhar pales tras técnicas e absorver conhecimento”, reforçou.

 

Para o coordenador de TI da Tecplam, Anderson Cleiton, a feira trilha o caminho do sucesso. “Eu já estive pre sente como expositor em outros anos e desta vez participei como visitante, acho o evento muito interessante para o setor e com soluções diversas. Além de ser uma feira muito bem organizada”, contou.

 

O diretor da LAUW, Sérgio Jardim, afirma que o evento manteve a mesma qualidade do ano passado em termos de volume de expositores e área de exposição, o que ratifica o compromisso das empresas do setor com o desenvolvimento e capacitação do setor elétrico. “Considerando todas as dificuldades do ano, conseguir reunir um grupo de empresas de relevância, como as que participaram da feira, é um feito que reforça o potencial de desenvolvimento deste setor no Brasil”, afirmou.

 

Em 2016, a LAUW acontece de 13 a 15 de setembro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

http://saopaulotimes.r7.com/sp/brasil-nao-precisa-diminuir-consumo-mas-sim-consumir-energia-de-forma-mais-eficiente-afirma-especialista/

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