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domingo, 29 de novembro de 2015

Fontes renováveis serão protagonistas no futuro da energia no Brasil

Até 2050, a demanda por energia elétrica no Brasil deve triplicar, segundo estimativas da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Ministério de Minas e Energia. Atendê-la com um sistema confiável, sustentável e acessível aos consumidores é um desafio. E ao mesmo tempo, apresenta uma série de boas oportunidades não só de negócio, mas de desenvolvimento da indústria nacional, de formação de mão de obra qualificada e de inclusão social.

 

Caminhos para o Futuro: um olhar sobre as inovações no mundo dos negócios

 

Foi isso que mostrou o quinto YouTube Live do projeto Caminhos para o Futuro, que teve como tema o “Futuro da Energia no Brasil”. Realizado no dia 26 de novembro, na sede do LinkedIn, na capital paulista, o debate, que foi transmitido ao vivo pelo YouTube, contou com a presença de Elbia Silva Gannoum, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), José Carlos Miranda, presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), Marcos Costa, líder de contas estratégicas de energia da GE para América Latina e Wilson Ferreira, presidente da CPFL.

 

“Estamos no meio de uma revolução na área de energia”, disse Wilson Ferreira, da CPFL, no começo do debate. “E o consumidor está no centro dessa revolução”. Os especialistas trataram dos grandes temas que pautam a discussão sobre o futuro da energia no Brasil: fontes renováveis e diversificação da matriz energética, geração distribuída e confiabilidade da rede, smart grids, inovação e eficiência.

 

Fontes renováveis e diversificação da matriz

Com cerca de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de território cortado por rios caudalosos, mais de sete mil quilômetros de litoral, bem como condições climáticas favoráveis, não surpreende que o Brasil já tenha quase 90% de sua matriz energética elétrica renovável.

 

O problema é que mais da metade dela está concentrada em energia hidrelétrica, o que ficou evidente com a seca que assolou o País em 2015, e acabou por contribuir para a elevação do preço da energia nacionalmente. “Mas toda crise tem seu lado positivo”, diz Marcos Costa, da GE. “Percebemos que não podemos ser tão dependente da geração hidrelétrica, precisamos diversificar”.

 

Fontes alternativas não faltam. Segundo Ferreira, da CPFL, se explorássemos todo potencial de geração de energia eólica e solar do país, por exemplo, que soma 440 mil MW, já teríamos três vezes mais energia que toda nossa capacidade instalada atualmente, que é de 140 mil MW. Hoje, porém, a capacidade instalada de geração eólica, a mais desenvolvida das duas, é de pouco mais de 6 mil MW, ou 4,8% do total, segundo dados do Boletim Mensal de Monitoramento do Sistema Elétrico, de setembro de 2015, do Ministério de Minas e Energia.

 

Pode parecer pouco, mas não é. Afinal, o primeiro leilão para esse tipo de geração de energia foi em 2009, como lembra Elbia Silva Gannoum, da ABEEólica. “Começamos há pouco mais de cinco anos e já somos a 10ª economia do mundo em geração de energia eólica, e o 4º País do mundo que mais aumentou a capacidade instalada em 2014”, diz. “Geramos 40 mil postos de trabalho, investimos R$ 18 bilhões no ano passado, e vamos gerar mais de 50 mil postos de trabalho em 2015, com outros R$ 22 bilhões investidos”. As perspectivas e o ritmo de crescimento são tão bons que a estimativa é de que, até 2025, 25% da matriz de energia brasileira poderão ser de energia eólica. E ainda há a solar, de biomassa e outras variações de energia térmica.

 

Geração distribuída e confiabilidade da rede

Outra tendência no mercado de energia que rivaliza com a explosão das energias renováveis, com destaque para a eólica, é a geração distribuída. Segundo números da GE, até 2020, projetos de produção descentralizada de energia - em unidades menores, mais ágeis e próximas de quem vai usar a força produzida - receberão investimentos da ordem de US$ 200 bilhões em todo o mundo. No mesmo período, a taxa de crescimento desse tipo de produção será quase 40% superior à taxa de crescimento da demanda mundial por energia. “No caso das máquinas aeroderivadas, que chegam à potência nominal em apenas 10 minutos, podemos gerar entre 18 MW e 100 MW”, afirma Marcos Costa, da GE.

 

Segundo o executivo, trata-se de uma boa opção no Brasil para complementar a oferta de energia em horários de pico em indústrias, por exemplo, ou durante intermitências. O sistema, guardadas as devidas proporções, é o mesmo que funciona nas termelétricas espalhadas pelo país e que, em 2015, foram fundamentais para garantir a estabilidade e a confiabilidade do sistema elétrico brasileiro durante a crise hídrica. “São sistemas que não só são confiáveis, mas também eficientes e limpos, principalmente quando funcionam com gás natural, que produz metade das emissões de sistemas que funcionam com diesel e carvão”, afirma Costa.

 

Há até a opção de usar lixo orgânico e o biogás que ele produz para rodar as turbinas, como já se faz em uma fazenda de porcos nas Filipinas, ou ainda uma fazenda leiteira na Índia. Nesses casos, o benefício pode ser triplo: não se emite o metano do biogás, gera-se energia e, se houver cogeração, aproveita-se o calor dos motores, o que faz a eficiência da máquina superar os 60%.

 

Smart grids, inovação e eficiência

Com a diversificação das fontes de geração de energia, a tendência é que o sistema elétrico se torne cada vez mais complexo. E isso é bom. Mas para aproveitar ao máximo as distintas fontes de energia em diferentes locais, a transmissão e distribuição terão que ser cada vez mais inteligente. É aí que entram as smart grids, ou redes inteligentes de distribuição de energia.

 

Funcionando em um sistema interligado nacionalmente e monitorado por uma infinidade de sensores, as smart grids poderão alocar energia de forma autônoma e eficiente para diferentes regiões em horários específicos, e identificar problemas na rede antes que eles interrompam o fornecimento. Elas também reduzem emissões e perdas, um problema no Brasil, onde 16,5% da energia gerada é perdida - 32% a mais que a média, estimada em 12,5%, pelo Banco Mundial. “A palavra de ordem é eficiência”, diz Wilson Ferreira, da CPFL, cuja aposta é a de que haverá cada vez mais demanda por gente especializada em smart grids.

A busca por eficiência, fundamental para garantir o futuro da energia no país, passa, invariavelmente, pelas inovações tecnológicas. Um exemplo recente da dependência saudável do setor por inovações é a lâmpada LED. Durante o racionamento do ano 2000, 99% das lâmpadas residenciais eram incandescentes e gastavam 94% de energia gerando calor, e apenas 6% gerando luz.

 

Hoje, as proporções de geração de luz e calor em uma lâmpada de LED são o inverso - e as lâmpadas duram 10 vezes mais. “A área de energia vai ser muito demandada por inovação e tecnologia”, diz José Carlos Miranda, presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). “Mas falta gente, somos carentes de pessoal capacitado”, afirma.

 

Elbia, da ABEEólica, faz coro. “Recentemente foram abertos dois cursos de mestrado e dois de graduação em energia eólica no País”, diz. “Mas ainda não estamos na velocidade do mercado”. Investir na formação e capacitação para este setor não é só garantir o futuro da energia no Brasil, mas também abrir um novo flanco de inteligência industrial que, em última instância, pode culminar na geração de tecnologia brasileira de ponta com grande potencial de exportação. “Somos o país da energia renovável”, diz Wilson, da CPFL. “São muitas as oportunidades por aqui”.

http://epocanegocios.globo.com/Caminhos-para-o-futuro/Energia/noticia/2015/11/fontes-renovaveis-serao-protagonistas-no-futuro-da-energia-no-brasil.html

 

ATENCIOSAMENTE

 

Alexandre Kellermann

 

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