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quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Nova lâmpada bloqueia calor produzido durante geração de energia

RIO — Velha, ultrapassada, poluidora. A lâmpada incandescente, patenteada por Thomas Edison há mais de 130 anos, está com a reputação apagada há tempos. A rejeição se baseia em seu fraco rendimento: de toda a energia elétrica que utiliza, apenas de 2% a 3% são convertidos em luz visível. O resto é desperdiçado como calor, contribuindo para o aquecimento global. Seu uso já foi banido em países como o Canadá e na União Europeia. Mas uma equipe do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) decidiu recauchutar a velha lâmpada. De acordo com um estudo publicado ontem, o aproveitamento da eletricidade pode ser catapultado para 40% com a elaboração de uma camada de nanopartículas envolvendo o filamento e bloqueando a saída de raios infravermelhos, que não produzem luz visível e elevam a temperatura ambiente.

 

Hoje, as incandescentes vêm dando lugar às lâmpadas de LED, que, além de mais eficazes (em média, 13% de sua eletricidade transforma-se em luz visível), são mais econômicas. No entanto, em alguns países há resistência a essa alternativa, que produz uma luz diferente de sua “antecessora”.

 

Pesquisador de Eletromagnetismo Moderno do MIT, Ognjen Ilic capitaneou a criação de estruturas minúsculas que devem envolver o fino filamento de metal existente no interior da lâmpada incandescente. Esta nova estrutura é feita a partir de camadas de um cristal que “controla” a luz. Um aspecto importante é o modo como estas camadas foram empilhadas, permitindo a passagem de comprimentos de onda visíveis, enquanto a radiação infravermelha é levada de volta ao filamento, para ser reutilizada.

 

A análise do MIT, publicada na revista científica “Nature Nanotechnology”, descreve a construção desses “nanoespelhos”, que encolheriam a radiação infravermelha para refleti-la de volta ao “filamento metálico tradicional aquecido, fazendo com que seja reabsorvido e reemitido como luz visível”.

 

O protótipo criado por Ilic teve uma eficiência de 6,6% — muito mais potente do que uma incandescente comum. Por enquanto, esta lâmpada funciona por menos de dez horas. Com o desenvolvimento de seus cálculos, a equipe do MIT pretende aumentar a autonomia desta tecnologia e elevar sua taxa de eficácia a 40%. Os cientistas, porém, não estabelecem prazos sobre quando chegariam a esta marca, nem quando a nova lâmpada se tornaria comercialmente viável. Por enquanto, recomendam que a população adote o LED.

 

De acordo com Ilic, a missão de seu trabalho é entender a “reciclagem light” — ou seja, como deixar passar apenas os comprimentos de onda desejáveis.

 

— Thomas Edison não foi a primeira pessoa a trabalhar no desenho da lâmpada. Seu feito foi descobrir como produzir a energia elétrica em massa de forma barata e mantê-la estável por mais de dez horas. São dois critérios essenciais que ainda tentamos atingir — avalia Ilic. — A lâmpada de LED é uma tecnologia surpreendente, que as pessoas deveriam estar usando. Nosso objetivo não é recolocar no mercado uma tecnologia redundante. Queremos compreender como é possível fazer a reciclagem de luz de um objeto com altas temperaturas.

 

A barreira à emissão de calor das lâmpadas é uma arma importante contra o aquecimento global. Por isso, os pesquisadores ressaltam que a nova tecnologia terá “implicações dramáticas” para o desempenho de outras formas de conversão de energia:

 

— O aquecimento global é um enorme desafio que precisamos enfrentar, e a eficiência energética é uma importante ferramenta contra ele — pondera o pesquisador.

 

Diretor-executivo do Instituto Internacional para Sustentabilidade, Bernardo Baeta Neves Strassburg reconhece que o calor provocado pelas lâmpadas incandescentes e a relutância da população em trocá-las pelo LED são dois obstáculos na busca por fontes de energia menos poluentes.

 

Strassburg assinala que o estudo de Ilic pode aumentar o poder dos painéis solares, cuja tecnologia passou por melhoras significativas na última década. A energia solar, segundo ele, é o maior recurso entre os cotados para substituir os combustíveis fósseis. As atuais turbinas eólicas, outra fonte não poluente, já estão perto de sua capacidade máxima de produção.

 

— As novas lâmpadas aumentam a eficiência energética na geração de luz e diminuem o calor emitido pelas lâmpadas incandescentes — comenta Strassburg, que também é professor do Departamento de Geografia e Meio Ambiente da PUC-Rio. — O protótipo já conseguiu um rendimento impressionante. A continuação deste trabalho pode trazer ganhos até para os painéis solares, que são a principal aposta entre os modelos de energia renovável.

 

Strassburg aplaude o resultado do protótipo, mas pede cautela na promessa de que as novas lâmpadas conquistarão um rendimento de 40%:

 

— Existe um caminho gigantesco entre a teoria física e a prática da engenharia.

http://www.dm.com.br/ciencia/2016/01/nova-lampada-bloqueia-calor-produzido-durante-geracao-de-energia.html

 

 

 

ATENCIOSAMENTE

 

Alexandre Kellermann

 

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