Coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica fala sobre os erros fatais que as pessoas cometem ao tentar se proteger
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), caem cerca de 50 milhões de raios por ano no Brasil, sendo o país campeão em incidência de raios.
A explicação é geográfica, pois o Brasil é o maior país da zona tropical do planeta. Uma área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades e de raios. De acordo com o Instituto, de 2000 a 2014, ocorreram no Brasil cerca de 1790 mortes provocadas por raios, colocando o Brasil em 6° lugar por mortes, no mundo.
Em entrevista ao programa Amazônia Brasileira, desta terça-feira (23), o Coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat) do Inpe, Osmar Pinto Júnior, falou sobre a nova campanha para proteção contra raios lançada pelo grupo e deu dicas de como se prevenir em caso de tempestades.
Os raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam as nuvens de tempestade na atmosfera e o solo. A intensidade típica de um raio é de 30 mil Ampères, cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. A descarga percorre distâncias da ordem de 5km.
Segundo o coordenador do Elat, o que minimiza os efeitos dos raios, nas áreas urbanas, é o fato de que as pessoas estão mais protegidas, morando em prédios com para-raios e se locomovendo em veículos fechados, mesmo assim, ainda correm riscos, ao tentarem se proteger, durante uma tempestade, em lugares errôneos.
O Elat começou neste verão uma campanha inédita de proteção contra raios que foi baseada em 15 anos de dados de mortes por raios no Brasil e apontou as principais circunstâncias de fatalidades por raios no país: "Ao analisarmos os incidentes com raios, constatamos que cerca de 80% das mortes poderiam ter sido evitadas se as pessoas tivessem mais informação. Ao observarmos esse fato, entendemos que o principal a se fazer para minimizar as mortes é levar as informações de proteção a um maior número de pessoas", explicou Osmar.
De acordo com o Coordenador, foram desenvolvidos vídeos para orientações de proteção para quem está ao ar livre e com orientações para o que se fazer dentro de casa.
"Objetos ligados a rede elétrica, são um perigo. Durante uma tempestade, fique afastado desses objetos, para não correr o risco de receber uma descarga elétrica", alertou.
Osmar Pinto Júnior dá dicas de como se proteger de raios, durante uma tempestade, tanto em áreas urbanas, quanto em áreas rurais: "Nas grandes cidades, os maiores riscos estão em praças, parques, embaixo de paradas de ônibus, campos de futebol abertos ou áreas descampadas. As praias também são perigosas, pois a água salgada propaga energia em uma distância maior, sendo assim, ao sinal de uma tempestade, busque abrigo, imediatamente. Caso não tenha um abrigo perto, fique na areia abaixado, longe da água, esperando a tempestade passar. É importante lembrar que carros fechados são abrigos seguros.
Nas zonas rurais os perigos aumentam, pois são áreas mais descampadas e abertas, e as pessoas trabalham a céu aberto. A circunstância de maior ocorrência de mortes no Brasil, são pessoas trabalhando na zona rural. Sendo assim, em caso de tempestade, fique longe de qualquer cerca de arame farpado ou de torres de comunicação. Se estiver dirigindo um trato, desligue-o e se afaste dele. Nos rios, fique longe da água. E não se abrigue embaixo de árvores, pois elas são condutoras de energia. Caso esteja em um lugar descampado, sem abrigo próximo, afaste-se das árvores e fique abaixado esperando a chuva passar".
A corrente do raio pode causar queimaduras e outros danos a diversas partes do corpo. A maioria das mortes de pessoas atingidas por raio é causada por parada cardíaca e respiratória. Grande parte dos sobreviventes sofre por um longo tempo de sérias sequelas psicológicas e orgânicas.
Ouça a entrevista na íntegra no player acima e aprenda a se proteger de raios, durante uma tempestade.
O Amazônia Brasileira vai ao ar de segunda a sexta, às 8h, na Rádio Nacional da Amazônia, e às 6h, na Rádio Nacional do Alto Solimões (horário local). A apresentação de Sula Sevillis e a produção-executiva de Taiana Borges
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