No momento complexo enfrentado pelo país, a solução dos problemas políticos é fundamental para que a economia volte a rodar. O atual período de volatilidade impede manter o mercado. Para Antônio Megale, que assumiu a presidência da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea) no começo da semana, a sociedade ânsia pela retomada da economia mas precisa de mais confiança. Como exemplo cita o segmento agrícola que, apesar das grandes safras nos últimos anos, não tem renovado a frota de maquinas, que estão ficando velhas, e comprometerá a produtividade nos próximos anos. Para Megale é importante que consiga certa previsibilidade, o que ajuda, e muito, as empresas enfrentarem desafios. Sem regras, o planejamento fica difícil.
- Precisamos preparar o setor para quando o mercado melhorar – ressalta.
A exportação está ajudando amenizar a forte queda do mercado e Megale considera como saída favorável para o setor. A entidade dos fabricantes de veículos vem conversando com o governo federal sobre novos mercados. Está acompanhando a evolução do ajuste e renovação do acordo com a Argentina, o maior parceiro econômico do país, que termina em junho. Também as negociações com o Uruguai, Colômbia, Peru, Irã e alguns países da África e da Ásia.
Os novos mercados são importantes para o setor automotivo ajudando reduzir a capacidade de produção ociosa das montadoras. Megale ressalta que há uma grande preocupação com o emprego. As empresas investem muito na formação da mão de obra e, apesar da crise e da forte que das vendas, fazem o máximo esforço para manter o funcionário. O Programa de Proteção ao Emprego PPE está ajudando, inspirado em programas existentes no mundo, “é um seguro para o emprego”, e permite por dois anos uma carga menor. Reitera que no momento é preciso pensar no país para não agravar e aumentar o desemprego.
A nova gestão dará continuidade ao trabalho realizado pela diretoria presidida por Luiz Moan nos últimos três anos. Lembrou o bom relacionamento com o governo sobre as questões do setor como o Inovar Auto que estimulou novos investimentos, novas fabricas, ampliação das existentes e lançamento de novos produtos. Ressaltou que o Inovar Auto, que irá até o final de 2017, é um programa complexo mas trouxe benefícios, mas enfatizou que um ano e meio é um período muito curto para saber o que vem depois.
- Os carros de 2019 serão muito diferente do que foram os de 2012 -.
Num dos mercados mais competitivos, o presidente da Anfavea, destaca a necessidade de clareza na legislação e novas regulamentações. Precisa avançar normas de médio e longo prazos para que a indústria possa programar novos veículos. E afirma que é muito ruim quando as normas mudam no meio do caminho. Para ele, a legislação precisa ter previsibilidade de três, seis, nove anos. Defende como urgente a determinação de uma política industrial de longo prazo, um programa de eficiência energética e sustentabilidade com metas de médio e longo prazos para veículos híbridos, elétricos e até de célula de combustível. Também apoio oficial para pesquisa e desenvolvimento de tecnologia e eficiência energética com metas de médio e longo prazos, além da discussão das questões trabalhistas com programas tipo PPE.
-Vamos sair da crise, voltar a crescer, mas podemos voltar a ter um novo período difícil – .
O engenheiro Antonio Carlos Botelho Megale, 59 anos, presidirá também o Sindicato dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea). Pós graduado em Administração de Empresas, é atual diretor de assuntos governamentais da Volkswagen do Brasil. Com mais de 35 anos de atividades no setor automotivo, passou por diversas montadoras, comandou a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, AEA, por duas gestões – 2011/2012 e 2013/2014 – e nos últimos três anos foi o 1º vice-presidente da Anfavea e do Sinfavea.
ATENCIOSAMENTE
Alexandre Kellermann
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