Os ambientalistas defendem uma aposta forte na energia solar, para obter eletricidade e no aquecimento de águas sanitárias, realçando que apoios financeiros ajudariam, mas é mais importante informar os consumidores acerca das opções existentes.
"Deveríamos ser mais ambiciosos em várias áreas [nas energias renováveis], uma absolutamente crucial é o investimento no solar, quer no que respeita à eletricidade", quer no que se relaciona com o aquecimento de águas sanitárias, disse à agência Lusa o presidente da Zero, Francisco Ferreira.
Quando fala de incentivos, "não é necessariamente contrapartidas financeiras diretas às pessoas, é antes apoiar na escolha, divulgar as soluções que existem" para melhorar a eficiência energética do país, reduzir a dependência do exterior e contribuir para a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.
A Quercus concorda e Luís Moreira referiu à Lusa que "Portugal está muito bem visto no que respeita a energias renováveis", nomeadamente na energia eólica, mas "a energia solar e a biomassa têm um potencial enorme e estão claramente abaixo do que poderiam estar".
Os ambientalistas, que falavam a propósito do Dia Mundial do Ambiente, que será assinalado no domingo, recordam o papel das energia renováveis no futuro que se planeia sem emissões de gases com efeito de estufa.
As energias renováveis podem ter outras utilizações além da produção de eletricidade, como nos transportes, com os biocombustíveis, no aquecimento e arrefecimento dos espaços ou da água, com a biomassa ou o solar.
Francisco Ferreira refere que, no verão, não é possível a utilização intensa da produção hidroelétrica, porque os rios têm pouca água, e o vento é menos frequente que no inverno.
"Somos o país da Europa com maior número de horas de sol, mais de três mil horas", recorda.
"É fundamental que consigamos, quer de forma descentralizada [microprodução], quer através de forma mais centralizada, fazer um enorme aumento de potência, da ordem dos seis mil megawatts, para conseguir que, ao longo de todo o ano, a eletricidade a partir de fontes renováveis seja uma realidade", referiu o presidente da Zero.
Também Luís Moreira aponta a produção de energia em unidades de pequena dimensão como uma alternativa a ser explorada, defendendo que "devia haver uma promoção da microgeração elétrica para que os investimentos pudessem ter interesse para as habitações particulares".
A microgeração, "em oposição aos grandes investimentos, está claramente abaixo do que poderia estar e, se a produção elétrica por parte de habitações estivesse mais desenvolvida, com certeza poderíamos reduzir a dependência energética" do país, afirmou o técnico da Quercus.
Na eletricidade, refere Francisco Ferreira, o regime de autoconsumo "funciona muito bem e sem subsidiação para serviços e empresas que funcionem durante o dia, e evita a compra de energia elétrica à rede".
Aquela opção também funciona nas habitações e "muitas pessoas podem instalar um ou dois painéis, na varanda ou no telhado, para garantir que não precisam de comprar eletricidade durante o dia, o que é pago em cerca de cinco anos", acrescentou o especialista.
"Com incentivo será mais atraente o investimento, mas, mesmo sem incentivo, compensa", garantiu o presidente da Zero, exemplificando que "uma família de quatro pessoas, entre abril e outubro, consegue assegurar as suas necessidades sem usar eletricidade ou gás".
Portugal ficou na história à escala mundial ao conseguir ter consumo de eletricidade totalmente assegurado por renováveis durante quatro dias, e a Zero defende que, na década de 2030, Portugal deve produzir a totalidade da eletricidade a partir de fontes renováveis.
https://www.noticiasaominuto.com/pais/600302/ambientalistas-defendem-aposta-na-energia-solar
ATENCIOSAMENTE
Alexandre Kellermann
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