Presidente da Abradee aponta déficit na geração de energia como principal motivo para o aumento do preço do consumo pelos brasileiros nos últimos anos. Risco é de que o quadro se repita no próximo ano.
Após quatro anos seguidos de chuvas em níveis abaixo da média histórica, o que afetou o nível dos principais reservatórios hídricos do País, o setor elétrico busca melhorar a eficiência energética para garantir o fornecimento de energia nos próximos anos, tendo em vista as expectativas de crescimento econômico e retomada da atividade da indústria, que ainda opera com alta capacidade ociosa. A mudança faria com que as bandeiras tarifárias fossem sempre as mais baixas, de custo menor ao consumidor brasileiro.
"O próximo ano vai depender do regime hidrológico, que é imponderável. Se, por acaso, tivermos um período chuvoso que não permita a recomposição dos reservatórios, teremos que gerar com as termelétricas, o que vai impactar no uso das bandeiras tarifárias", avalia Nelson Leite, presidente da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).
Até agosto deste ano, o consumidor pagou R$ 3,5 bilhões a mais na conta de luz, referentes à cobrança das bandeiras tarifárias, por conta do acionamento das térmicas, cujo preço de geração é superior ao das hidrelétricas. "Estamos vivendo com um nível dos reservatórios muito baixo, com um período hidrológico muito desfavorável. Então, apesar de a economia ainda estar em baixa, tivemos que despachar usinas térmicas caras", diz .
Investimento
Segundo o presidente da Abradee, as distribuidoras de energia investiram, neste ano, cerca de R$ 16 bilhões, em linha com o volume registrado no ano passado. "Acreditamos que na próxima bandeira seja ajustado esse déficit, para que o caixa das distribuidoras fique preservado, mas este ano foi muito desfavorável, então, precisamos muito de redes inteligentes, também chamadas de redes digitais".
Geração
Segundo o último boletim do Operador Nacional do Sistema (ONS), as usinas hidrelétricas foram responsáveis por 71% da geração elétrica do País, enquanto as térmicas tiveram 10,4% de participação. Já os reservatórios hídricos do Sudeste, que correspondem a 70% do total armazenado no País, estão com apenas 20,74% da sua capacidade.
Em outubro, o Ceará foi o sexto Estado que mais gerou energia térmica do País, com 414,2 MW médios. O Estado conta com duas das maiores usinas a carvão do País, Pecém I, com capacidade de 720,2 MW, e Pecém II, com capacidade de 365,0 MW.
Mercado livre de energia
Sobre a entrada de distribuidoras no mercado livre de energia, Leite diz que aguarda que a matéria seja enviada ao Congresso. "A expectativa é que o novo governo trate desse tema de forma que haja a implantação e expansão do mercado livre de forma gradual, mitigando efeitos colaterais", diz. "Esperamos que esses contratos sejam realizados e que haja mudança na regulação, fazendo a separação da parte de energia e de rede, de modo que a distribuidora não fique com os consumidores problemáticos", arrematou.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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