A geração distribuída é o processo de produzir energia elétrica próximo ao ponto de consumo, ao invés de depender apenas de grandes usinas centralizadas. São pequenos ou médios geradores de energia que ficam espalhados pela rede elétrica, muitas vezes conectados diretamente a residências, indústrias ou comércios, como painéis solares
O PLANO
O plano, entregue no fim de outubro, define procedimentos a serem seguidos quando houver excedente de energia e todas as alternativas operacionais da rede básica já estiverem esgotadas –como o ajuste em hidrelétricas ou a redução da geração centralizada.
O ONS propõe que, quando o excedente de geração for identificado, ele emita instruções operativas às distribuidoras para reduzir temporariamente a injeção de energia de determinadas usinas, priorizando aquelas conectadas em níveis de tensão mais baixos.
O corte seria realizado de forma rotativa e limitada a algumas horas por dia, evitando impactos desproporcionais a um único gerador. A medida, segundo o operador, teria caráter excepcional e temporário.
A medida pode atingir usinas do tipo 3, como PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), usinas a biomassa, eólicas e solares de médio porte conectadas diretamente à rede de distribuição. Nesses casos, o ONS não tem controle em tempo real sobre a operação.
O diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, afirmou ao Poder360 que a limitação temporária de geração é “uma medida técnica essencial para garantir a estabilidade do sistema elétrico”, adotada apenas em última instância. O plano foi elaborado em um contexto de rápido avanço da geração solar no país.
O excesso de energia no SIN (Sistema Interligado Nacional) pode provocar oscilações de tensão e frequência, comprometendo a estabilidade. Já o corte temporário de geração tende a gerar perdas econômicas para os produtores e elevar custos regulatórios.
DISTRIBUIDORAS APOIAM
Para o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella, o tema é urgente e deve ser encarado como prioridade.
“O corte de geração é um tema de urgência. Precisamos repensar a forma como operamos o sistema. Não temos escolha. Ou fazemos diferente, ou haverá uma instabilidade no sistema que é, de fato, insustentável”, afirmou em entrevista ao Poder360”.
O executivo afirmou que o problema tende a se intensificar em períodos de menor consumo, como finais de semana e feriados, quando há forte injeção de energia solar na rede.
Para o presidente da Abradee, Marcos Madureira, o plano do ONS é necessário, mas precisa vir acompanhado de mais segurança regulatória para a execução das medidas.
“Há uma sobreoferta em determinados horários. Distribuidoras apoiam a ação, mas pedem regras que equilibre o setor com o crescimento da geração distribuídarários, e as distribuidoras têm papel importante no apoio ao operador. Mas é preciso ter procedimentos aprovados que deem segurança jurídica e operacional”, disse ao Poder360”.
SINAL TARIFÁRIO
A Aneel também conduz estudos sobre modernização tarifária, com projetos-piloto que testam novas formas de cobrança para incentivar o consumo em horários adequados. Segundo Estrella, a experiência internacional mostra que tarifas diferenciadas podem ajudar a equilibrar o sistema. “O sinal tarifário pode ser parte da solução para lidar com a intermitência das fontes renováveis. Países como a China já adotam modelos desse tipo”, afirmou.

Postar um comentário