Pesquisa da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Unicamp, em Campinas (SP), desenvolveu um software para mapear o consumo de energia de aparelhos nas empresas que possibilita economia de até 40% na conta de luz. Uma distribuidora de energia já se interessou pelo estudo e pode colocá-lo em prática nos próximos meses.
O dispositivo é voltado para o setor comercial, principalmente hotéis e hospitais, mas não é descartado o avanço para indústrias em um segundo momento.
De acordo com Hader Aguiar Dias Azzini, responsável pela pesquisa, o software é instalado no quadro geral de força da empresa. Depois, os dados são enviados pela internet para análise. O programa separa todo o consumo dos equipamentos e passa um raio-x individual deles.
O levantamento possibilita saber quando o aparelho foi ligado e o tempo de uso, por exemplo.
"Eu boto um medidor lá na empresa e reconheço qual equipamento está funcionando dentro da empresa sem ter que entrar lá. Isso é feito só com o reconhecimento de padrões. Eu consigo dizer quanto cada equipamento consome", explica Azzini.
Com o relatório de eficiência energética, é possível, segundo o pesquisador, passar para as empresas comerciais quais falhas elevam a conta de luz todos os meses.
"Com isso, a gente consegue fazer a eficiência energética e dizer que este ou aquele aparelho está gastando mais. Consigo dizer ainda em quanto tempo o empresário vai ter o retorno. E, a partir disso, a gente consegue economizar até 40% na conta de luz", diz Azzini.
Empresas analisadas com o software estavam perdendo até R$ 9,8 mil por mês, segundo o estudo. Questionado sobre quais aparelhos mais gastam nas empresas, o pesquisador afirmou que, quanto maior o aparelho, mais fácil detalhar as informações.
"O ar condicionado é responsável por 40% do consumo", alerta.
Mas, ele ressalta que, geralmente, as empresas precisam se preocupar com as trocas de calor no prédio e a iluminação para economizar energia elétrica.
Conta desagregada
Distribuidora de energia, a CPFL está desenvolvendo com o pesquisador da Unicamp e outros colaboradores uma forma de colocar uma parte do projeto em prática já em 2018.
De acordo com o gerente de inovação e transformação da CPFL, Renato Povia Silva, a proposta é a desagregação do consumo dos clientes. Ele explica que, em breve, os consumidores vão receber a conta com informações detalhadas.
"Se a conta de luz for de R$ 100, ele vai receber a conta dizendo que o chuveiro consumiu R$ 20, a geladeira R$ 10, o micro-ondas R$ 30 e assim por diante", comenta o gerente de inovação e transformação.
Desta forma, segundo o especialista, o cliente terá como ver onde poderá economizar.
Perguntado sobre a empresa investir na redução dos valores das contas dos clientes, o gestor da CPFL afirma que é dever da empresa prezar pela eficiência energética.
"E também se nós não fizermos isso, alguém fará. Então, melhor que seja por nós. Isso aumenta o poder de escolha do consumidor de energia elétrica", finaliza.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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