Ministério de Minas e Energia (MME) informou, nesta sexta-feira, que o governo federal “reavalia” a adoção do horário de verão a partir deste ano. Uma nota técnica encaminhada pela pasta à Casa Civil aponta que essa política “deixou de se justificar pelo setor elétrico”. O ciclo de 2017/2018 do horário de verão termina neste fim de semana. Os moradores dos estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país deverão atrasar os relógios em uma hora, na madrugada de sábado para domingo.
O horário de verão vem deixando de ser eficaz para economizar energia por causa da mudança no perfil do consumo dos brasileiros. No passado, as pessoas e empresas eram estimuladas a encerrarem suas atividades do dia com a luz do sol ainda presente, evitando que muitos equipamentos estivessem ligados quando a iluminação noturna era acionada.
A mudança do perfil, no entanto, alterou as características do consumo. Muita gente deixou de ter um horário tradicional de trabalho, chegando em casa mais tarde. Outro fator importante, segundo o MME, é a intensificação do uso de equipamentos como o ar-condicionado. De acordo com a pasta, o melhor aproveitamento da iluminação natural reduz o consumo e a demanda energética enquanto que o aumento da temperatura intensifica a utilização de equipamentos de condicionamento de ar, aumentando o consumo.
“Estes efeitos devem ser avaliados conjuntamente e, para os estados do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil foi constatada neutralidade dos impactos do horário de verão do ponto de vista do sistema elétrico”, informou.
Uma análise feita pelo Ministério de Minas e Energia e pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontou que o horário de verão atualmente traz resultados próximos à neutralidade para o consumidor brasileiro de energia elétrica. Algumas metodologias verificaram que a política pode, até mesmo, aumentar o consumo de energia elétrica.
“Com relação à economia de energia, algumas metodologias apontaram para neutralidade na variação de energia, enquanto que outras apontaram para aumento marginal da carga devido à aplicação da política. A avaliação indicou que a otimização da iluminação natural obtida com o horário de verão foi acompanhada por um aumento do consumo na madrugada, dado pelo aumento da temperatura a que a população fica exposta em seu período de descanso noturno”, informou o ministério.
O ministério encaminhou uma nota técnica para a Casa Civil na qual sinaliza que o horário de verão “deixou de se justificar pelo setor elétrico” e pede para “que o assunto seja submetido a superior consideração do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, objetivando a competente tomada de decisão” quanto à avaliação da pertinência da manutenção desta política de governo.
Os resultados foram avaliados no âmbito de todo o governo e a decisão foi de manter a horário de verão para 2017/2018 e, ao mesmo tempo, “reavaliar a política para os próximos anos”.
Agora, o assunto voltará a ser debatido dentro do governo. Além de analisar a eficiência energética da medida, a decisão leva em conta que a população brasileira já se acostumou com o horário de verão. Há um entendimento, também, de que esse período incentiva o comércio e o turismo.
Para o setor elétrico, por outro lado, medidas como a tarifa diferenciada por horário, “pode produzir resultados mais relevantes” em termos economia de energia que o horário de verão.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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