O mundo busca, constantemente, se livrar de fontes de energia poluidoras e que não podem ser renováveis. A luta por processos limpos e mais eficientes virou praticamente um mantra nos discursos das principais lideranças do planeta. Uma tarefa que os cientistas tentam cumprir a todo momento.
A transição para fontes alternativas é imparável e pode ser a chave para a independência energética de cada país. É isso que tem repetido, constantemente, o chefe da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), Francesco La Camera. Segundo ele, o mundo vive uma crise energética desde a invasão da Ucrânia pela Rússia e alguns países, na Europa em particular, correm para acumular reservas de petróleo e gás.
“No curto prazo, isso terá um impacto” no desenvolvimento de fontes alternativas de energia, reconhece Francesco La Camera. “Mas, a médio e longo prazo, não temos outra saída senão descarbonizar. Porque, no fundo, as energias renováveis não são boas apenas para o clima, o emprego, o PIB, mas são uma forma real de garantir a independência energética”, disse.
No Brasil, o governo Bolsonaro tem investido, bastante, no desenvolvimento de fontes renováveis. Mês a mês temos batido recordes na produção de energia eólica e fotovoltaica. E podemos muito mais. O potencial do País na produção de energia limpa pode atingir quase 84% da matriz energética nacional. Esse relatório foi apresentado na Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP27), no Egito.
“O momento do mundo é de discutir energia, e energia limpa. O mundo está indo em uma direção contrária ao da energia limpa. A crise energética, principalmente na Europa, está fazendo com que a Europa busque alternativas que não são energia limpa”, disse o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Joaquim Leite. “O Brasil tem a capacidade de geração de energia limpa e, através dessa tecnologia nova — que é o hidrogênio verde e a amônia verde — exportar energia limpa para o mundo”, concluiu o ministro durante o evento.
A situação da Europa, neste momento, é grave. O inverno se avizinha, as temperaturas estão mais baixas e a necessidade de aquecimento aumenta. Isso obriga os países a produzir energia com os meios existentes. Usinas de carvão e nucleares estão sendo reativadas, tudo para compensar os cortes na distribuição de gás e petróleo ordenados pela Rússia. Por um período de quase seis meses, a realidade vai ser essa, fontes mais poluidoras serão utilizadas em larga escala para garantir a vida de quem mora no continente europeu.
A desigualdade entre nações também é preponderante na ineficácia do combate ao aquecimento global. A África, por exemplo, está particularmente atrasada no desenvolvimento de fontes renováveis, apesar de seu enorme potencial de produzir energia solar. O continente poderia se beneficiar de milhões de novos empregos e crescimento acelerado. O problema é que várias das nações africanas enfrentam conflitos políticos internos, brigas entre tribos, ditaduras sanguinárias e uma instabilidade econômica que afasta os investidores estrangeiros.
A Ásia vive drama parecido. De um lado os donos do petróleo, que dominam o Oriente Médio, e que pouco interesse tem na luta por substitutos dos combustíveis fósseis. De outro lado, países superpovoados como Índia, China e Indonésia que, apesar de registrar forte crescimento econômico, tem dívidas sociais milenares com seus povos.
A substituição das fontes de energia poluidoras por outras mais limpas será permanente e constante. O ritmo dessa mudança é que talvez não atenda os grupos mais preocupados com os efeitos do aquecimento global.
A Irena avaliou, em relatório publicado durante a COP27, que a transição energética ainda não é veloz o suficiente para cumprir o objetivo principal do Acordo de Paris, que é conter o aumento da temperatura do planeta abaixo de +2°C, e preferencialmente +1,5°C em relação à era pré-industrial. Vai ser necessário dobrar o ritmo do processo se pretendermos chegar a 2030 dentro do que foi estabelecido pelas lideranças mundiais.
O Brasil, dentro desse quadro, tem feito a sua parte. Só que é necessária a contrapartida de outras nações para que o nosso esforço em ajudar o planeta seja recompensado. Não dá para um único povo pagar a conta da destruição praticada por bilhões de pessoas ao redor do mundo.
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