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terça-feira, 21 de abril de 2009

Maior eficiência no uso de energia elétrica é possível

Por Neuza Árbocz, da Envolverde - especial para o Instituto Ethos

A demanda por energia elétrica não pára de crescer. Para gerá-la, paga-se um alto custo ambiental. Face a essa situação, choca perceber quantas falhas ainda persistem em sua produção, distribuição e consumo. Constata-se, porém, que uma melhor eficiência é possível em cada uma dessas etapas.

A começar pelo consumo. O Inmetro e o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), da Eletrobrás, criaram o Selo Procel (http://www.eletrobras.com/elb/procel/main.asp?TeamID={95F19022-F8BB-4991-862A-1C116F13AB71}), que indica os produtos mais eficientes no consumo de energia. Desde lâmpadas, geladeiras e televisores até motores. Portanto, os cuidados podem iniciar já no ato da compra dos aparelhos elétricos. Quem tem aparelhos muito antigos em casa, deve avaliar a sua troca, contribuindo assim para o equilíbrio do planeta e também do próprio bolso.

Gestos como esses tomados isoladamente podem parecer insignificantes, mas influem decisivamente nas macrocondições ecológicas e socioeconômicas. “O governo não terá necessidade de fazer uma usina de 600 megawatts porque vai haver um menor consumo de energia”, afirmou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, ao anunciar, em fevereiro passado, o programa nacional para substituição de 10 milhões de geladeiras antigas, que gastam muito e ainda utilizam gases CFC em seu funcionamento.

Risco ignorado

Outra medida simples e já bastante difundida é a troca de lâmpadas incandescentes por fluorescentes. As lâmpadas fluorescentes chegam a ser 80% mais eficientes em seu consumo de energia do que as incandescentes. Contudo, deixam um passivo de risco de contaminação por mercúrio.

Cada lâmpada tem uma quantidade pequena de mercúrio – nos EUA, os fabricantes se comprometeram a limitar a concentração a 6 mg em lâmpadas de 25 a 40 W – o que não prejudicaria um adulto sadio. Contudo, se cinco lâmpadas se quebrarem num ambiente pouco ventilado, já trarão um alto risco imediato a quem estiver por perto. O mercúrio inalado ou ingerido entra na corrente sanguínea e se instala nos órgãos, de onde o organismo não consegue mais eliminá-lo.

A correta destinação dessas lâmpadas após o uso conta, atualmente, com raras opções. No Estado de São Paulo, a empresa de engenharia ambiental Apliquim (http://www.apliquim.com.br/) investiu em maquinário importado para poder reciclar esse tipo de lâmpada e recuperar o mercúrio de seu interior de forma segura. Ela cobra em torno de R$ 0,50 por lâmpada para efetuar esse trabalho e precisa de grandes volumes para operar.

Uma opção para consumidores residenciais é entregar as lâmpadas velhas nas lojas onde compram as novas. Estas podem reunir uma quantidade que possibilita o envio para reciclagem, como faz a distribuidora de materiais elétricos Cime, em São Paulo. Ela encaminha lâmpadas fluorescentes usadas para reciclagem gratuitamente, no caso da compra de novas, ou repassando a taxa cobrada pela indústria responsável pelo serviço.

Analisando hábitos

Outro fator que aumenta o gasto com eletricidade é a ausência de boa ventilação e iluminação naturais. Somente agora o conceito de ecoconstrução ou bioconstrução está ganhando força e esses aspectos começam a ser priorizados. Quem vive ou trabalha em casas e prédios tradicionais pode buscar adaptações, como usar telhas transparentes, ampliar janelas ou abrir mão de algumas paredes para melhorar a eficiência do espaço nesses quesitos.

O selo Leed (Leadership in Energy and Environmental Design) vem orientando os investimentos nessa área. Segundo profissionais do setor, os benefícios de um projeto com essa certificação reduzem em até 30% os custos de moradia. Contudo, o investimento para sua obtenção – estimado em R$ 60 mil no total – restringe bastante sua expansão.

Após os cuidados com as compras e construções, é hora de analisar os hábitos e tendências. Faz sentido, por exemplo, a profusão de televisores de tela plana que vemos tomando conta das cidades? Há televisores nas padarias, mercados, shoppings, cinemas e restaurantes; funcionando o tempo todo, mesmo que ninguém esteja olhando para eles. Dentro de casa, ter aparelhos ligados também já virou rotina. O silêncio parece incomodar e o gesto de acionar um rádio, uma TV ou o computador é feito, muita vezes, de forma automática, sem darmos conta dele.

Todo esforço para um uso mais racional da energia é bem-vindo. Isto se aplica também aos setores industrial e agrícola. As empresas desses setores, em geral, vêm investindo em geração própria de energia, o que, além de promover economia, evita o impacto de grandes instalações e as dificuldades para a transmissão por longas distâncias.

No Brasil, isso tem sido incentivado pelo programa das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), definidas pela Portaria nº.109 do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE). Com centrais de pequeno porte (ilustração) aproveitam-se cursos d’água de menor volume e evita-se a inundação de grandes áreas, já que seu reservatório é limitado. Até 2003, esse limite era de 3 km2. Atualmente, pode ser de até 13 km2, conforme definiu a Resolução 652 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Além disso, uma PCH permite vender energia excedente para a rede de transmissão geral. Este foi o caso do Grupo Fockink, que em 2001 firmou convênio com a Rede Energia-Cemat para vender o excedente energético da PCH que construiu em Sapezal (MT) para industrialização de soja e beneficiamento de arroz e feijão.

Redes elétricas inteligentes

Produzir com mais eficiência passa também pela modernização das atuais turbinas em operação, como já previu a Itaipu Binacional ao iniciar, em 2007, investimentos de US$ 350 milhões para sua modernização.

Além das turbinas, é essencial estender as melhorias a todo o sistema. Hoje, estima-se que 15% da energia produzida no Brasil se perdem na rede de distribuição elétrica. A busca por redes elétricas inteligentes (smart power grid) já se difundiu pelo mundo. O Departamento de Energia dos Estados Unidos, por meio do Escritório de Eficiência Energética e Energia Renovável (http://www.eere.energy.gov/), por exemplo, está oferecendo ajuda financeira a toda cidade com mais de 35 mil habitantes para investimento nesse campo, disponibilizando um total de US$ 2,6 bilhões.

Complementam essa procura programas para o consumidor acompanhar seu consumo diário e entender o que gera os picos de gastos, como o sistema de informações sobre energia preparado pelo Google: o PowerMeter (http://www.google.org/powermeter/howitworks.html). Por ele, será possível tomar melhores decisões e até comparar o uso de energia entre amigos e vizinhos.

As iniciativas para redução do consumo de energia estão de fato reunindo esforços pessoais, empresariais e governamentais. O que, apesar da gravidade da situação atual, traz otimismo quanto a sermos capazes de fazer as mudanças necessárias.

Para saber mais:

Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética – Ministério Minas e Energia - http://www.eletrobras.com/pci/main.asp

Centro Nacional de Referência em Pequenas Centrais Hidrelétricas - http://www.cerpch.unifei.edu.br/

Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – dados sobre o consumo de energia no Brasil - http://www.ons.org.br/home/

http://www.meiofiltrante.com.br/noticias.asp?action=detalhe&id=1796

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