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terça-feira, 23 de março de 2010

Consumo de energia bate recorde em fevereiro

As altas temperaturas somadas ao reaquecimento da economia
provocaram recordes de consumo no Sistema Interligado Nacional
e em todos os subsistemas.

O maior recorde de consumo foi registrado no dia 23, quando a demanda máxima de energia no Sistema Interligado Nacional – SIN alcançou a marca de 70,9 mil megawatts (MW), às 14h44. Antes disso, no entanto, no início de fevereiro tiveram quatro dias consecutivos de recordes de consumo. Na tarde de quinta, dia 4, por volta das 15 horas, a carga do SIN alcançou 70,6 mil MW e na quarta, dia 3, por volta do mesmo horário, foram registrados 70,4 mil MW. Nos dias anteriores, foram registrados 68,7 mil MW na terça e 67,7 MW na segunda.

A sucessiva quebra de recordes de demanda no SIN foi um dos principais assuntos explorados pela mídia em fevereiro. O Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp, atendeu a diversas agências de notícias e canais de televisão aberta e por assinatura, esclarecendo a conjuntura da operação do SIN. Segundo ele, a principal explicação para esses números está no calor intenso, principalmente no Sudeste, e no crescimento da produção industrial, na retomada após a crise. “As temperaturas máximas em 2010 estão 3ºC acima das do ano passado, o que incentiva ainda mais o uso de aparelhos de ar-condicionado, famosos pelo seu alto consumo de energia. Quando elas ultrapassam os 34ºC, que é o caso, o uso desses eletrodomésticos cresce exponencialmente. Além disso, o consumo industrial de energia viveu um janeiro atípico, crescendo muito para um mês de férias”, explicou.

Os dias quentes de verão também alteraram os horários de maior consumo de energia elétrica, provocando mudanças na curva diária e criando dois horários de pico. O primeiro à tarde, logo após o almoço, refletindo o alto consumo da indústria e do comércio, além do uso de aparelhos de ar-condicionado pelas empresas. O segundo é o tradicional horário de pico, no início da noite, quando começa o consumo residencial e a iluminação pública.

Os subsistemas Nordeste, Norte, Sudeste/Centro-Oeste e Sul também tiveram recordes:

Recordes de consumo nos subsistemas



2010


Recorde anterior

NE


10.115 MW


em 23/02


9.842 MW


dia 12/12/2009

Norte


4.381 MW


em 04/02


4.245 MW


dia 17/10/2008

SE/CO


44.190 MW


em 23/02


42.144 MW


dia 26/11/2009

Sul


13.483 MW


em 05/02


12.263 MW


dia 04/03/2009

Uso de térmicas

Ao contrário do que se possa imaginar, as térmicas a gás não foram ligadas por falta de água nos reservatórios, mas para suprir a alta demanda de energia, sem sobrecarregar o SIN. O aumento inesperado do consumo, devido às altas temperaturas, e o fato do sistema de transmissão de Itaipu – a maior usina do país – operar com restrições desde o blecaute de 10 de novembro do ano passado, tornou necessária uma geração adicional de 4 mil MW médios, que estão sendo produzidos pelas usinas a gás natural.

Segundo Chipp, elas devem continuar operando até o final de maio, quando Itaipu deverá voltar a operar a plena carga, após a finalização dos serviços para implantação das providências indicadas no Relatório de Análise da Perturbação de 10 de novembro de 2009. Em novembro, Itaipu estava sendo despachada no horário de ponta em até 11 mil MW, agora está em torno de 8 mil MW de potência. A redução da geração em Itaipu está sendo compensada com a geração de usinas térmicas a gás natural. “Até o final de fevereiro, já gastamos cerca de R$ 120 milhões com o despacho térmico adicional. Com a perspectiva de continuarmos utilizando as usinas a gás até o final de maio, uma estimativa razoável é que cheguemos a um gasto total de R$ 200 milhões, o que representaria um aumento de 0,2% para os consumidores. É sempre bom lembrar que não existe aumento de segurança sem impacto nos custos. Muito pior que esse custo seria o prejuízo causado por outro blecaute, como o que vivemos em novembro passado”, esclarece.

No último dia de fevereiro, os relatórios de pós-operação indicam que as condições hidrológicas são bastante favoráveis. Os estoques de energia armazenados nos reservatórios das hidrelétricas correspondem a 98,3% no Norte, 97,1% no Sul, 78,1% no Sudeste/Centro-Oeste e 67,7% no Nordeste. Muitas usinas, inclusive Itaipu, têm vertido água, porque não há como despachar toda a energia afluente. Isto, graças às fortes chuvas, que elevaram os reservatórios aos maiores níveis em dez anos, afastando o risco de racionamento.

Crescimento do consumo

O ONS prevê para o período 2010-2014 um crescimento médio do consumo de energia de 5% ao ano. A carga de energia do SIN irá saltar dos 52.234 MW médios verificados em 2009, para 55.444 MW médios em 2010, com um crescimento previsto de 6,1%. Nos anos seguintes, a carga deve continuar crescendo a taxas acima dos 5%. O destaque será 2012, quando a interligação Tucuruí-Macapá-Manaus deverá elevar o crescimento da carga em 6,5%, chegando aos 62.384 MW médios. Ao final do horizonte, a taxa de crescimento deve cair para 4,5% e a carga do SIN deverá ultrapassar os 68.500 MW médios.

Mesmo com o aumento da carga, Hermes Chipp diz que não haverá problemas para o atendimento energético. “No horizonte 2010-2014, há sobras estruturais de energia garantida em todos os anos. Essas sobras podem ser ainda maiores com a realização de leilões de energia de reserva. A expectativa é que tenhamos uma sobra de 2.500 MW médios em 2010 e valores ainda mais elevados no período 2011-2014, sempre acima de 4.000 MW médios,” afirma. No entanto, ele lembra que para que tudo isso aconteça, será necessário assegurar o cumprimento dos cronogramas de expansão das novas unidades geradoras e dos reforços no sistema de transmissão.

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