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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Carbono condiciona futuro da energia nuclear

O acidente da central nuclear de Fukushima, no Japão, terá ditado o princípio de uma nova era sem energia nuclear? O mercado de carbono ressentiu-se logo com a possibilidade de um desastre cataclítico, mas foi com o anúncio da moratória de três meses sobre os planos de expansão das centrais nucleares na Alemanha e na Suíça, e do congelamento dos 25 projectos da China, que o preço do carbono disparou em poucos dias. Um estudo da Société Générale (SG), instituição bancária francesa, mostra que o congelamento total dos projectos de expansão nuclear implicaria uma média de 280 milhões de toneladas adicionais emitidas por ano, ao longo dos próximos 20 anos.

Isto tendo em conta que os 103 GW de capacidade adicional de energia nuclear, prevista entre agora e 2020, vai evitar 160 milhões de toneladas de CO2 por ano em todo o mundo, durante os próximos 10 anos, e que para 2030, o cenário apresenta 60 GW adicionais. Mas num cenário mais severo, que implica a renovação das centrais nucleares existentes por outros tipos de unidades, traduz-se em 600 milhões de toneladas de emissões adicionais por ano durante 2010-2020 e 860 milhões de toneladas por ano, durante 2010-2030 (se as centrais forem reformadas conforme atingem o seu limite de idade).

 

Hoje, de acordo com a Associação Mundial de Energia Nuclear (AIE, da sigla em inglês) estão em operação 442 centrais deste tipo, representando uma capacidade instalada total de 373 GW. O País com mais centrais nucleares é os EUA, com 104, seguindo-se a França com 58, o Japão com 55 e a Rússia com 32. Em fase de construção estão 60 unidades por todo o mundo, num total de mais 57GW, das quais 25 na China e 10 na Rússia. Mais 52 centrais estão projectadas, para 61,6 GW, das quais 14 na China e 11 no Japão.

 

Com as emissões globais de GEE na ordem das 50 Gt CO2e anualmente, as metas recomendadas pelo Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), estipulam uma redução de emissões a nível mundial de 14 Gt em 2020 contra o Business as Usual (BAU), dos quais 7 Gt por ano, durante 2010-2020, em média. Para 2030, estes valores andam nos 17,5 Gt / ano em média, durante 2010-2030. Ora, o estudo mostra que a adição a estes valores das emissões adicionais de geração de energia não-nuclear aumentaria o esforço de 8,5 por cento em média nos próximos 10 anos (7,6 Gt em vez de 7 Gt), e 4,9 por cento nos próximos 20 anos.

 

Tendo em conta o estado actudal da tecnologia de captação e armazenamento de carbono (CAC), esta «provavelmente não será capaz de fornecer a reserva para este esforço adicional, pois não é esperado para estar disponível em uma escala significativa antes de 2030». Por isso, «o desenvolvimento ainda mais rápido das energias renováveis​​e uma enorme intensificação dos esforços de eficiência energética seria necessário para compensar a falta nuclear. Noutras palavras, o controlo das alterações climáticas vai ser difícil, sem a produção de energia nuclear no estágio actual da tecnologia» refere o estudo da SG.

 

Francisco Rosado, da Ecotrade, acrescenta ainda o estado financeiro dos países à presente equação. «Tendo em conta as dificuldades financeiras sentidas em toda a Europa, abandonar o nuclear vai ser muito complicado. Até porque qualquer alternativa ao nuclear vai sempre implicar aumento de emissões», explica lembrando que logo depois do desastre de Fukushima o preço do carbono disparou. Em cinco dias passou de 14,8 euros para os 16,9 euros, sendo que a tendência é para subir.

 

Certo é que em França, vários partidos políticos pedem agora um referendo sobre a energia nuclear, enquanto as eleições regionais de Baden-Württemberg, na Alemanha, ditaram a vitória inédita do partido Verde e anti-nuclear alemão sobre os conservadores da chanceler Angela Merkel. Os dados estão lançados. Escolher entre o risco nuclear ou o risco das alterações climáticas deverá ser a grande questão.

 

http://www.ambienteonline.pt/noticias/detalhes.php?id=10561

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