Por Marilia Bugalho Pioli* - A tragédia recentemente acontecida no Japão com o terremoto e o tsunami que arrasaram a ilha neste mês de março de 2011 evidenciou as desvantagens e os riscos que envolvem o uso de energia obtida por fontes não renováveis. O país já registrou níveis de radiação acima dos limites legais e a instabilidade dos vazamentos na usina ameaça a ocorrência de uma catástrofe nuclear.
Por certo que as dimensões dos abalos sísmicos no Japão acabariam arrasando e destruindo usinas de qualquer fonte de energia, mas se em vez da usina nuclear houvesse no local uma usina de fonte alternativa, os prejuízos seriam indubitavelmente menores, em especial para todas as espécies de vida da região.
A tragédia, assim, dá novos e fortes contornos à questão da escolha por investir em energia de fontes alternativas. É o que está acontecendo, por exemplo, pela união de esforços do estado do Paraná com o governo japonês. No mês de março, o diretor da Japan External Trade Organization, Yoshiaki Usabi, reuniu-se com secretários de estado do Paraná para a elaboração de um relatório a ser entregue ao governo japonês e a empresas interessadas em fazer negócios no Brasil, e mais especificamente em Curitiba, que junto com Taiwan e Estocolmo foi eleita entre as três melhores regiões do mundo para investir no setor de meio ambiente e desenvolvimento limpo.
Na reunião, realizada na Câmara de Comércio e Indústria Brasil/Japão, o representante do governo japonês teve acesso a detalhes dos estudos e projetos em andamento na Copel na área de energias renováveis. Foram apresentados projetos e estudos com energia oriunda de fonte por biodiesel, biomassa, reciclagem de lixo, vento, luz solar e microalgas.
O interesse do Japão em investir na parceria com o propósito de transferência de tecnologia em energias renováveis no estado do Paraná abre uma oportunidade ímpar para que se voltem as atenções para o potencial eólico do estado. O atlas eólico do Paraná indica a existência de 25 locais propícios para a exploração da energia eólica e um potencial suficiente para cobrir cerca de 40% do consumo de eletricidade do estado, podendo alcançar 3.375 MW.
A realização periódica de leilões de energias renováveis (o próximo está programado para julho de 2011, tendo sido recentemente prorrogada a data de cadastro dos projetos na Empresa de Pesquisa Energética – EPE), somado à possibilidade de exploração da fonte no estado e ao interesse de países como o Japão no desenvolvimento de tecnologias em energia limpa no Paraná descortina um novo horizonte que pode voltar a dar destaque ao estado, que foi o pioneiro na instalação de usina eólica na Região Sul.
* Por Marilia Bugalho Pioli é advogada, sócia do escritório Becker, Pizzatto & Advogados Associados, coordenadora da área jurídica de Energia Eólica, e colunista do Portal Ambiente Energia
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Tags: Energia Eólica, Energia Limpa, Energia Renovável, fontes alternativas, Matriz Limpa
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