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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Aborto, maconha, casamento gay e, agora, quase 100% de energia elétrica de fontes limpas -- é o Uruguai

Primeiro país da América do Sul a descriminalizar o aborto (2012), primeiro a legalizar a maconha (2014) e um dos primeiros a aprovar o casamento entre homossexuais com mesmos direitos civis garantidos aos casais heteros (2012), o Uruguai agora pode ostentar mais um pioneirismo na região -- desta vez, em função de seus avanços no uso de energia limpa.O país vem chamando a atenção na conferência de clima em Paris, aCOP-21, pelo progresso na mudança de sua matriz energética, com consequente redução as emissões de carbono.

Hoje, 94,5% da eletricidade do país e 55% da energia total consumida vêm de fontes renováveis - a média global de energia proveniente de fontes limpas é de 12%. Foi uma transformação forjada nos últimos anos. O país, que já foi dependente de gás importado da Argentina, é agora autosuficiente em energia e chega a exportar parte de sua produção. No verão passado, um terço da eletrecidade produzida no Uruguai foi exportada para os argentinos. Mais ainda: a mudança na matriz energética uruguaia aconteceu sem que o custo do quilowatt hora (kWh) aumentasse. Na verdade, considerando a inflação, hoje, a energia no Uruguai é mais barata que anos atrás. 

Essa conquista vem dando visibilidade ao Uruguai em um momento em que o mundo tenta chegar a um acordo para a redução das emissões de carbono. “As delegações de Paris podem aprender muito com o sucesso uruguaio”, destacou o jornal inglês The Guardian. Segundo a reportagem, enquanto governantes se reúnem em Paris, com a difícil tarefa de chegar a possibilidades para substituir combustíveis fósseis por energia proveniente de fontes renováveis, “um pequeno país do outro lado do Atlântico vem mostrando que fazer essa transição é possível  e pode ser tão simples como coisa de criança.”

Um país liberal

O jornal também destaca que, apesar da população relativamente pequena – são 3,4 milhões de habitantes - o Uruguai vem ganhando uma “notável quantidade de elogios” nos últimos anos em função de suas políticas que o tornam um dos países mais liberais da América do Sul – em relação ao aborto, à homossexualidade e à machona. Agora, diz o jornal, o Uruguai está sendo reconhecido por seu progresso em descarbonizar sua economia. 

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As políticas uruguaias para transformar sua matriz enérgética em uma matriz mais limpa já recebeu elogios do Banco Mundial, da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, e no último ano, a WWF colocou o Uruguai entre os seus líderes em "energia verde". "O país está no caminho de definir as tendências mundiais em investimentos para energia renovável", definiu a WWF na ocasião.

Metas ambiciosas

Para fortalecer a posição de destaque no uso de energias renováveis, o Uruguai apresentou uma das metas mais ambiciosas na convenção da ONU. O compromisso é reduzir em 88% as emissões de carbono até 2017, na compração com a média emitida no período de 2009 a 2013.

As ações para a renovação da matriz energética uruguaia começaram a ser desenhadas em 2008 durante o governo de Tabaré Vázquez (da Frente Ampla, a coligação de partidos de esquerdas que comanda o Uruguai desde 2005 – Vázquez agora é novamente presidente do país). Foi uma decisão estratégica do Uruguai como parte de uma política que buscava sustentar o crescimento do país no período, ao mesmo em que tentava reduzir os índices de pobreza. “O Uruguai não tem petróleo, nem gás, e praticamente esgotou seu potencial hidrelétrico”, disse na ocasião Ramón Mendez, então diretor nacional de energia e um dos arquitetos do plano. “Mas o país está crescendo e deseja reduzir sua pobreza.” O país daquele momento era altamente dependente do gás argentino e de petróleo, que isoladamente chegou a representar mais de 27% das importações do Uruguai. Agora, o principal item de importação são turbinas eólicas.

Turbina eólica já é o principal item de importação no país (Foto: Getty Images)

Ao The Guardian, Mendez ressaltou que “não há milagres tecnológicos” nesse tipo de transformação. Para ele, o sucesso do projeto, deu-se em função do ambiente regulatório no país e uma forte parceria entre o setor público e privado. O Uruguai, ele disse, tem uma democracia estável, honra seus compromissos externos e tem empresas públicas fortes, que podem ser parceiras confiáveis nos projetos. “Nós aprendemos que energia renovável é apenas um negócio”, disse Mendez. “A construção e manutenção (das usinas) tem custo baixo. Portanto, se você dá aos investidores um ambiente seguro, o negócio se torna muito atraente.”

Para forjar o novo cenário, foram investidos em cinco anos US$ 7 bilhões (R$ 26,3 bilhões), ou 15% do PIB anual do país – isso é cinco vezes mais que a média da América Latina para investimentos em fontes renováveis de energia e três vezes mais que o mínimo recomendado por especialistas sobre mudança climática. 

Como resultado, hoje, além de uma planta considerável para a geração de energia eólica, o país também tem usinas para geração de energia solar e a partir de biomassa. Somada a energia gerada por hidrelétricas, chega-se ao total de 94,5% de eletrecidade consumida no país vinda de fontes limpas – sendo 55% da energia total. A média global de geração de energia proveniente de fontes limpas é de 12%.

http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2015/12/aborto-maconha-casamento-gay-e-agora-quase-100-de-energia-eletrica-de-fontes-limpas-e-o-uruguai.html

 

 

ATENCIOSAMENTE

 

Alexandre Kellermann

 

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