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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Portugal piora na tabela do clima

Portugal desceu 10 posições no Índice anual de desempenho das alterações climáticas. Duas Organizações Não Governamentais produzem este documento de forma regular e no passado Portugal conseguiu a 9ª posição e este ano desceu para 19º.

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Portugal desce na tabela de bom aluno climáticoReuters

Francisco Ferreira

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A nota de Portugal passou de bom (em 2014) para moderado (em 2015).

Portugal desce na tabela de bom aluno climáticoCAN

Neste índice, os primeiros 3 lugares não são atribuídos, porque não existe nenhum Estado com desempenho muito bom. A Dinamarca é o país que se porta melhor e no outro lado da tabela estão a Austrália e Arábia Saudita.

Francisco Ferreira, investigador do Centro de Pesquisa Ambiental e Sustentabilidade da Universidade Nova, presente em Paris, apresenta as razões, num artigo, para esta descida.

PORQUE DESCE PORTUGAL?

O Climate Change Performance Index (CCPI)1 é um instrumento inovador que traz maior transparência às políticas climáticas internacionais. O índice é da responsabilidade da organização não governamental de ambiente GermanWatch e da Rede Europeia de Ação Climática. Em cada país são consultados diversos peritos para se pronunciarem sobre diversas variáveis.

A metodologia é centrada principalmente em indicadores objetivos: 80% da avaliação é baseada em indicadores de emissões (30% função dos valores de emissões e 30% função da evolução recente das emissões), eficiência (5% relacionado com nível de eficiência energética e 5% com a evolução recente), e ainda o recurso a energias renováveis (8% em função da evolução recente e 2% função do peso do total de energia primária de fontes renováveis). Os restantes 20% baseiam-se na avaliação de mais de 300 peritos dos países analisados. O CCPI2016 foca-se particularmente na questão da política nas áreas das energias renováveis e eficiência energética, por se considerar que estas são as principais vias para a mitigação das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), e considera também as emissões associadas à desflorestação.

Neste décimo primeiro ano do CCPI, Portugal desce significativamente em relação ao ano passado, passando de uma classificação "boa" para uma classificação "moderada". Deve-se ter em conta que os dados usados e mais recentes à escala global são provenientes da Agência Internacional de Energia e relativos a 2013 e não são completamente coerentes com os dados comunicados à União Europeia e à Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC).

O resultado prende-se simultaneamente com uma degradação de um conjunto de parâmetros objetivos e com a melhoria em diversas variáveis da parte de outros países. Numa análise mais detalhada:

Opinião de Francisco Ferreira

1) No que respeita ao nível emissões, não há propriamente grandes diferenças entre o índice deste ano e do ano passado, exceto uma forte penalização das emissões associadas à desflorestação e degradação da floresta com base no novo relatório FAO Global Forest Resource Assessment 2015 relacionadas com os incêndios em Portugal;

2) no que respeita às tendências de emissões, há uma penalização nalguns setores, sendo a mais relevante na produção de eletricidade e calor, em grande parte pelo peso que o uso de carvão (particularmente ineficiente) nas centrais térmicas portuguesas continua a ter nas emissões deste setor;

3) quanto às energias renováveis, há uma melhoria significativa pelo maior peso que estão a ter na energia primária, havendo porém também uma forte penalização pelo recente desinvestimento nesta área face ao crescimento que se estava a verificar;

4) no nível de eficiência energética, a cotação é praticamente a mesma, mas quanto à tendência a classificação é menor porque estamos usar mais energia por produto interno bruto o que se compreende porque os gastos energéticos foram semelhantes em ano de recessão;

5) por último, Portugal melhora na política climática nacional, em parte motivado pelo recente Quadro Estratégico aprovado e documentos acessórios como o Programa Nacional para as Alterações Climáticas, mas é demasiado penalizado na componente internacional - se por um lado Portugal foi o país mais ambicioso nas metas de energia e clima para 2030 à escala europeia, alguns atrasos no anúncio da (limitada) contribuição para o Fundo Verde do Clima e a incapacidade de participar de forma mais ativa e publicitada nas negociações das Nações Unidas a nível ministerial, onde várias vezes Portugal poderia ter assumido um maior protagonismo, nomeadamente como campeão da eficiência energética (como foi proclamado numa Conferência das Partes anterior).

http://www.tsf.pt/sociedade/interior/portugal-piora-na-tabela-do-clima-4920310.html

 

ATENCIOSAMENTE

 

Alexandre Kellermann

 

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