Pense por um momento no dióxido de carbono como lixo, como um refugo da queima de combustíveis fósseis. Como outros tipos de lixo, quase todo esse CO2 é jogado fora na atmosfera, onde contribui para a mudança climática. Uma pequena quantidade é capturada e armazenada no subsolo para não ficar no ar.
Cada vez mais, no entanto, cientistas se perguntam se em vez de jogar fora ou estocar o dióxido de carbono, seria possível reciclar uma parte dele.
Em laboratórios do mundo inteiro, pesquisadores trabalham em modos de fazer exatamente isso. A Fundação do Prêmio X criou um incentivo, uma premiação no valor de US$ 20 milhões para a equipe que, até 2020, inventar tecnologias para transformar em produtos úteis o dióxido de carbono capturado das chaminés de usinas elétricas movidas a carvão ou gás natural.
Talvez, porém, a verdadeira meta dos pesquisadores dessa área seja transformar o refugo da queima de combustível em novo combustível. Teoricamente, se isso pudesse ser feito em larga escala usando energia renovável ou a luz solar, não haveria ganho líquido de emissões – as mesmas moléculas de dióxido de carbono seriam emitidas, capturadas, transformadas em combustíveis novos e emitidas repetidas vezes.
"O grande prêmio é descobrir como tornar o CO2 uma fonte renovável, reciclável. Seria um avanço tremendo para a sociedade", disse Harry A. Atwater, cientista de materiais do Instituto de Tecnologia da Califórnia e diretor do Centro Conjunto para Fotossíntese Artificial, que tem unidades de pesquisa no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley aqui e no próprio Instituto.
O dióxido de carbono é utilizado na fabricação de produtos básicos como fertilizante de ureia e plásticos especiais. Mas os processos não são necessariamente eficientes no uso de energia, e quase todos usam CO2 de reservatórios subterrâneos naturais. Ainda que as empresas começassem a utilizar o dióxido de carbono capturado, a quantidade seria inferior a 0,5 por cento das quase 32 bilhões de toneladas métricas de CO2 emitidas anualmente pela atividade humana.
Reciclar diretamente da atmosfera
O que Atwater e outras pessoas têm em mente são aparelhos que, em escala maior, poderiam reciclar uma porção significativa do dióxido de carbono que é capturado de usinas termoelétricas, de processos como a fabricação de cimento ou mesmo diretamente da atmosfera.
Todavia, desenvolver equipamentos que possam converter com eficácia e viabilidade econômica grandes quantidades de dióxido de carbono exigirá vencer muitos obstáculos, um dos quais é toda a energia necessária para dividir as moléculas.
"O grande desafio de agora é como passar de miligramas a muitas toneladas. Como causar algum efeito no portfólio de energia quando as pessoas estão trabalhando com tubos de proveta hoje em dia?", disse Dick T. Co, professor da Universidade Northwestern e diretor-geral do Instituto de Combustíveis Solar, grupo que incentiva a colaboração entre pesquisadores da área.
Num prédio de pesquisa no laboratório Lawrence Berkeley, com vista para a baía de São Francisco ao longe, Atwater chefia uma equipe de cientistas que está tentando reproduzir o que as plantas fazem por meio da fotossíntese. Eles querem pegar o dióxido de carbono e a água e, usando somente a luz do sol, transformá-lo em combustível.
Fundando em 2010 com verba do Departamento de Energia dos Estados Unidos, o centro dedicou seus cinco primeiro anos a um aspecto da fotossíntese: dividir a água em seus componentes, hidrogênio e oxigênio.
Painel para gerar combustível
ATENCIOSAMENTE
Alexandre Kellermann
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