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sábado, 6 de agosto de 2016

Termelétricas substituirão energia de hidrelétrica de Tapajós

RIO - A recusa do Ibama em conceder a licença ambiental para a construção da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, vai repercutir no futuro da matriz energética brasileira. Se desde 2014 as fontes renováveis vinham ganhando participação, a tendência é que, a partir dos próximos anos, o Brasil volte a ter uma geração de energia mais suja, com o aumento das usinas termelétricas, que deverão substituir em parte os 8 mil megawatts (MW) previstos para a usina que ficaria na Região Amazônica.

 

A matriz energética brasileira ficou mais suja, ou seja, poluente, a partir de 2012, quando a falta de chuvas começou a reduzir drasticamente o nível dos reservatórios. Em 2013, o governo baixou artificialmente os preços da conta de luz, gerando um aumento da demanda. E isso forçou o governo a ligar todas as termelétricas do país, inclusive as mais poluentes, movidas a óleo diesel. Assim, as fontes renováveis viram sua fatia cair de 88,9% em 2011 para 75,5% no ano passado. A expectativa para este ano, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), é que a soma de hidrelétrica, eólica e biomassa chegue a 82,9%.

 

Para o especialista Erik Eduardo Rego, diretor da Consultoria Excelência Energética, apesar do crescimento da energia eólica (a partir dos ventos) e da promessa da solar, as fontes renováveis dificilmente voltarão ao nível superior a 90% da matriz, como era comum até a década passada. Para que isso aconteça, afirma ele, a recessão econômica precisaria se prologar ao ponto de o consumo de energia não reagir.

 

— Nos anos mais recentes, a expansão da matriz tem sido promovida por eólicas e com a conclusão dos projetos hídricos estruturantes. Mas, a longo prazo, de forma a garantir a segurança energética, dado que as novas hidrelétricas não têm reservatórios e que não se pode estocar vento, não vejo caminho melhor do que expandir a base de termelétricas a gás natural — explica Rego.

 

ATENÇÃO PARA A FISCALIZAÇÃO DE PROJETOS

 

A economista e especialista do setor elétrico Elena Landau destaca ainda que, depois da polêmica envolvendo a Usina de Belo Monte, também no Pará, novas hidrelétricas dificilmente sairão do papel por questões ambientais.

 

— O Brasil vai voltar a crescer, e as termelétricas a gás serão inevitáveis. Hoje, já vemos avanços com essa discussão ganhando força. Nos últimos anos, houve um erro de política energética. O governo deveria ter feito racionamento, não ter deixado baixar o nível dos reservatórios e acionado as térmicas. Agora, temos a recessão e uma redução do consumo. Isso permitiu o desligamento de muitas termelétricas, deixando a matriz mais limpa — afirma Elena.

 

Fábio Cuberos, gerente de regulação da consultoria Safira, ressalta que a diversificação da matriz energética é primordial. Por isso, ele acredita que a matriz elétrica deve ganhar novas termelétricas, sobretudo a gás, como forma de se preparar para um cenário de escassez de água. Segundo ele, mesmo com os leilões de fontes renováveis nos últimos anos, como eólica e solar, as termelétricas tendem a “garantir a segurança energética”:

 

— Por isso, é difícil manter a matriz mais limpa. O ideal é ter uma mescla de fontes. Para 2017, tudo vai depender do volume de chuvas do próximo período úmido, que começa em outubro. O mais importante, independentemente da agenda de leilões, é a execução de uma fiscalização mais eficiente. Por exemplo, alguns projetos de termelétricas a gás que venceram um leilão promovido pelo governo recentemente já dão sinais de problemas econômicos entre seus acionistas. Então, como esses projetos devem apresentar problemas, é preciso haver um plano B para que essa energia seja substituída o mais rápido possível.

 

Apesar da expectativa de uma matriz mais suja no futuro, as renováveis vêm crescendo. Segundo dados do MME e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a fatia das hidrelétricas deve ficar em 69,6% este ano, contra 65% em 2015. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) cita o início das operações da polêmica Usina de Belo Monte neste ano e a entrada gradual de novas turbinas de Santo Antônio, no Rio Madeira, até dezembro. Somente em maio deste ano, os dois projetos já geraram mais de 2 mil MW médios. A previsão é que as eólicas passem de 3,5% para 4,6%, e a biomassa, de 8% para 8,7%.

 

— A biomassa aumentou porque a safra foi boa. A eólica é competitiva, e a solar, que está começando, tem potencial para ficar economicamente viável. Mas as termelétricas vão continuar operando na base do sistema — destaca Rui Altieri, presidente do Conselho de Administração da CCEE.

 

 

 

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ATENCIOSAMENTE

 

ALEXANDRE KELLERMANN

 

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