Relatório de progresso do cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável da ONU apresentado em Lisboa, esta quarta-feira.
O mundo está longe de atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas para a energia, ou as metas do acordo de Paris combate às alterações climáticas. E, ao ritmo atual, não deverá alcançá-los. O diagnóstico foi feito na manhã desta quarta-feira na conferência “Sustainable Development for All”, que decorre entre hoje e amanhã no Convento do Beato, em Lisboa. O evento, com o apoio do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, discute os desafio do acesso à energia na África subsariana.
Em 2030, ano final da meta proposta pelo antecessor de Guterres no cargo, Ban Ki-moon, haverá ainda mais de 670 milhões de pessoas sem acesso a eletricidade e a taxa de penetração das energias renováveis no consumo de energia final global não irá além dos 21%. “Os números são arrasadores. Temos de dar a volta a isto”, afirmou Rachel Kyte, diretora do fórum e representante especial da ONU para a energia sustentável. Segundo os indicadores de acompanhamento apresentados, relativos à evolução registada entre 2010 e 2016, há ainda mil milhões de pessoas em todo o mundo sem acesso a redes de distribuição de eletricidade, com a taxa de eletrificação mundial nos 87% há dois anos.
Em 2010, esta era de 83%. Apesar disso, há desenvolvimentos positivos. Em alguns países de África, como Quénia e Etiópia, o ritmo de aumento do acesso à eletricidade cresce acima da população – a 6% e a 3%, respetivamente. Na adoção de renováveis, a taxa de penetração no consumo final mundial de energia encontra-se em 17,5% em termos médios. Será necessário que esta cresça seis vezes para o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável da ONU. Mas o trajeto atual não é animador. Nos últimos anos, a proporção de renováveis no consumo global de energia caiu em percentagens de até 1% em grande parte do continente africano e também no grupo dos chamados BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China. Os indicadores relativos à utilização de energias limpas para cozinhar e à eficiência energética também se mantêm aquém do programado pela ONU. Segundo responsáveis do Banco Mundial, que apresentaram o relatório de progresso, o cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável até 2030 exige um investimento que representa apenas 0,2% do PIB mundial.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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