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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Energia renovável enfrenta novo desafio no Brasil: entenda o que é curtailment e por que preocupa especialistas

Energia solar e eólica enfrentam limitações de escoamento que afetam economia, meio ambiente e novos investimentos

 

O Brasil tem registrado uma expansão considerável no uso de energias renováveis nos últimos anos, com destaque para a energia solar e a energia eólica. Ambas vêm ganhando espaço na matriz elétrica nacional, principalmente nas regiões com alto potencial natural, como o Nordeste. No entanto, esse crescimento acelerado esbarra em um problema estrutural que vem ganhando destaque entre empresários e especialistas do setor: o curtailment.

 

Curtailment, termo técnico de difícil pronúncia, refere-se à restrição da geração de energia em usinas renováveis mesmo quando há sol forte ou ventos constantes. A limitação acontece porque a infraestrutura de transmissão elétrica não consegue absorver e transportar toda a energia gerada. Em outras palavras, as usinas produzem, mas parte dessa produção não consegue chegar ao consumidor final.

 

Quando o sol e o vento não bastam

O curtailment afeta especialmente as usinas de energia solar e de energia eólica instaladas em regiões onde a geração cresceu mais rapidamente do que a rede de transmissão. É o caso de diversos estados do Nordeste, como o Ceará, onde o número de parques eólicos e projetos de energia solar disparou nos últimos anos.

De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), mais de 1.300 GWh deixaram de ser utilizados em 2023 por conta dessas restrições.

 

Energias renováveis: Impacto econômico e ambiental

O curtailment representa uma perda direta de receita para os empreendedores do setor de energias renováveis. Quando a energia não é escoada, ela também não é comercializada. Isso afeta não apenas o fluxo de caixa das empresas, mas também o planejamento de novos empreendimentos.

Investidores, principalmente os internacionais, começam a ver com cautela a viabilidade de aportar recursos em projetos que podem não ter garantias de escoamento da produção.

 

Além do aspecto financeiro, há o impacto ambiental. Quando a energia solar ou eólica é limitada pelo curtailment, o sistema elétrico pode ser obrigado a acionar termelétricas para garantir o fornecimento de energia. As termelétricas, por sua vez, são mais caras e emitem mais poluentes.

Assim, perde-se parte dos ganhos ambientais e econômicos promovidos pela transição energética em curso no país.

 

O caso do Ceará e a crise no setor eólico

O Ceará tem sentido diretamente os efeitos do curtailment. O estado, que abriga importantes parques eólicos e projetos de energia solar, sofre com a falta de linhas de transmissão suficientes para escoar toda a energia gerada.

O segmento eólico, em particular, enfrenta uma crise marcada pela baixa rentabilidade e queda nos investimentos, e o gargalo na transmissão é uma das principais causas.

Projetos de hidrogênio verde — uma das apostas do Ceará para o futuro energético — também podem ser comprometidos por essa limitação. Esses empreendimentos exigem fornecimento estável e contínuo de eletricidade, algo que não se sustenta com o atual cenário de restrições.

 

Possíveis caminhos para enfrentar o problema no setor das energias renováveis

Para mitigar os efeitos do curtailment e destravar o crescimento das energias renováveis, o Governo Federal tem acelerado os leilões de transmissão. A intenção é ampliar a rede e dar vazão à produção das novas usinas. Contudo, a construção das linhas leva tempo, e os resultados não aparecem no curto prazo.

Especialistas defendem alternativas complementares. Uma delas é o aprimoramento do planejamento da expansão elétrica, considerando a velocidade de conexão das usinas às redes de transmissão.

 

Outra proposta envolve o uso de tecnologias de armazenamento de energia, como baterias de grande porte e sistemas baseados em hidrogênio verde, que poderiam guardar a energia gerada para ser utilizada em momentos mais favoráveis.

 

Também ganha força a ideia de flexibilizar as regras do setor para viabilizar contratos privados entre geradores e grandes consumidores — os chamados PPAs (Power Purchase Agreements). Com cláusulas específicas sobre curtailment, esses contratos podem permitir o compartilhamento de riscos e oferecer mais segurança às duas pontas do mercado.

 

Oportunidades em risco

Os estados do Nordeste, que se destacam como grandes produtores de energia solar e energia eólica, podem ser os mais prejudicados caso o problema do curtailment não seja resolvido com agilidade.

A perda de competitividade regional pode afastar investimentos, reduzir a geração de empregos e comprometer estratégias de desenvolvimento sustentáveis.

À medida que o Brasil busca fortalecer sua posição como líder em energias renováveis, a superação dos gargalos de infraestrutura se torna essencial. Sem soluções para o curtailment, parte do potencial energético do país continuará represado — assim como as oportunidades econômicas e ambientais que dependem dele.

Fonte: Diário do Nordeste

https://clickpetroleoegas.com.br/energia-renovavel-enfrenta-novo-desafio-no-brasil-entenda-o-que-e-curtailment-e-por-que-preocupa-especialistas/

 

 

 

 

 

 

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