Jefferson Klein, de São Paulo Apesar da perspectiva de polpudos aumentos das tarifas por parte das concessionárias brasileiras neste ano, a migração para o mercado livre de energia (formado por grandes consumidores, que podem escolher seu fornecedor de eletricidade) deve diminuir o ritmo. Entre os fatores que explicam esse fenômeno estão o elevado preço da energia no mercado spot (de curto prazo) ao final do ano passado e a necessidade de as empresas avisarem com muita antecedência as suas distribuidoras que estarão deixando o ambiente cativo. O mercado livre é o nicho do setor elétrico no qual compradores e vendedores negociam livremente as condições de seu suprimento de energia.
Podem participar consumidores com demanda contratada acima de 0,5 MW (desde que com fontes renováveis incentivadas) e, a partir de 3 MW, é possível contratar qualquer espécie de geração. O diretor-presidente da CPFL Brasil, Daniel Marrocos Camposilvan, informa que o consumo de energia no mercado livre no ano passado obteve um crescimento em geral de 26% em relação a 2016 e, no caso em particular do universo atendido pela área de comercialização do grupo, esse incremento foi na ordem de 50%. Para 2018, a expectativa é de que seja baixo o volume da migração (em um cenário otimista, o executivo calcula em cerca de 10% o crescimento do consumo de energia no ambiente livre). "Mas, a longo prazo, é um movimento que não tem volta", projeta Camposilvan. Atualmente, o mercado livre é composto por aproximadamente 5 mil consumidores, sendo que, desse total, em torno de 4 mil são atendidos pelas chamadas fontes incentivadas. O potencial desse segmento no Brasil, abrangendo pequenas e médias empresas, é de cerca de 180 mil clientes. A tendência é de que a legislação do setor elétrico brasileiro evolua ampliando, futuramente, as possibilidades de migração de clientes residenciais e abrindo ainda mais as potencialidades para o mercado livre.
A CPFL é uma das líderes em comercialização de energia nesse segmento com 14,4% de market share (vendas de janeiro a novembro). Somente a área de comercialização de energia do grupo (muito conhecido dos gaúchos por ser o controlador das distribuidoras RGE e RGE Sul) registra um faturamento médio anual entre R$ 2,5 bilhões a R$ 3 bilhões. Indagado se as vendas de energia no mercado livre proporcionadas por um braço da empresa não prejudicariam as concessionárias da companhia, o diretor de mercado da CPFL Brasil, Ricardo Motoyama de Almeida, comenta que, quando um consumidor migra, diminui o faturamento da distribuidora, porém reduz também as despesas da concessionária com a compra de energia. Uma questão que está sendo debatida com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e que interessa aos dois lados, revela Camposilvan, é a possibilidade de as distribuidoras venderem no mercado livre energia contratada que se tornou excedente. - Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2018/02/economia/610498-cpfl-preve-menor-migracao-para-mercado-livre.html)
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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