Divisão da matriz energérica em 1973
Em % do total de fontes
"É um certo exagero. A energia nuclear, no futuro, ainda será uma energia barata", afirma Wilson Roberto Villas Boas Antunes, conselheiro do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), em relação aos anúncios de alguns países europeus de cortar investimentos em usinas nucleares. O comissário da União Europeia para Energia, Gunther Oettinger, afirmou na segunda-feira que, "com o acidente nuclear no Japão, uma revisão dos padrões de segurança na Europa pode levar ao fechamento de usinas".
Divisão da matriz energérica em 2008
Em % do total de fontes
Na sequência, Alemanha e Suíça, adiaram seus programas de ampliação em energia nuclear. Na Inglaterra, foi determinada a revisão de estudos sobre a instalação de 11 usinas. A França, por sua vez, saiu em defesa da segurança de suas instalações, já que 80% da energia consumida no país é de origem nuclear. Para Villas Boas, os países europeus devem sentir maior impacto do encarecimento da energia em sua economia do que aqueles em desenvolvimento, como o Brasil. Isso porque a Europa já vem passando por um momento de encolhimento ou de crescimento modesto devido aos efeitos da crise financeira internacional.
Para Thais Prandini, da Andrade & Canellas, consultoria especializada na área de energia, a crise japonesa deve levar a um aumento na demanda por gás natural, já que o país consome 40% da produção mundial. "O Japão é o maior importador global. De sexta-feira até hoje (ontem), os preços do gás natural liquefeito (GNV) subiram 12% no mercado internacional. Isso porque o país está buscando uma alternativa à energia nuclear", explica a consultora.
Encarecimento da matriz
Thais sustenta que os preços mais altos do gás associados ao aumento das cotações do petróleo – provocado pela crise política que se espalha pelo Oriente Médio, que concentra grandes produtores mundiais – provocarão um "encarecimento da matriz energética mundial". "Porém, é difícil afirmar que não se irá mais investir em energia nuclear. Deve haver uma postergação dos investimentos e a revisão dos riscos."
Relatório elaborado pelos economistas do Bank of America Merrill Lynch amplia a questão. "Na sequência da crise do petróleo dos anos 1970, vimos uma grande substituição do uso petróleo por energia nuclear, entre outras fontes. No entanto, a capacidade nuclear do mundo, que estava em crescimento, diminuiu drasticamente na sequência do acidente de Chernobyl, em 1986. Embora a participação da energia nuclear no consumo do mundo deva se manter constante pelos próximos 20 anos, ela se dará principalmente por conta dos avanços tecnológicos e operacionais, e de melhorias nas instalações existentes. Após um pico de 6,4% em 2002, a fatia da energia nuclear no consumo total diminuiu para 5,2% em 2010", afirma o relatório.
Segundo Thais, o que deve ocorrer, em níveis globais, é um aumento dos investimentos em energias de fontes renováveis. "É uma oportunidade para incentivar investimentos em fontes renováveis", diz ela. "Porém, você não consegue mudar a matriz energética de um país, por que as alternativas têm pouca capacidade."
Para exemplificar, a consultora lembra que uma geradora alternativa tem capacidade em torno de 30 megawatts, enquanto a energia esperada da Usina de Belo Monte, em construção na região Norte, é de 8 mil megawatts. "Mas você pode incluir mais energias renováveis na matriz."
55 47 9980-8644
Postar um comentário