A sociedade mundial quer energia limpa já. A esse fato não cabem mais objeções de qualquer natureza política, social, tecnológica e/ou econômica. Pelo simples fato deste ser o único caminho para a sobrevivência ou sobrevida das gerações futuras.
As estatísticas de emissões globais de gases do efeito estufa relacionadas ao setor de energia permaneceram estáveis pelo segundo ano consecutivo. A eletricidade gerada por fontes renováveis desempenhou um papel fundamental neste processo, evidenciando que grandes nações já começam a se alinhar a esse desejo.
O Estado ou nação que insistir em argumentos contraditórios a essa realidade está fadado ao atraso.
A discussão agora é: como podemos transformar energia para gerar riqueza e conforto com o menor impacto ambiental possível, ou seja, utilizando as fontes limpas e de preferência renováveis?
No caso da obtenção da energia elétrica, outra constatação é evidente: a estratégia de geração de grandes lotes de energia elétrica — caso brasileiro de Itaipu, Tucuruí, Belo Monte etc. — deve mudar e incorporar a geração distribuída (geração de lotes de energia adequados e próximos à carga) no seu conjunto de opções.
Aliam-se a essa constatação três motivos principais: escassez de grandes potenciais para hidrelétricas — há poucos locais no mundo disponíveis para a construção de usinas de grande porte, como Itaipu, Tucuruí, Três Gargantas, Belo Monte entre outras.
Pressão socioambiental — mesmo em locais disponíveis para grandes complexos hidrelétricos, esses megaempreendimentos estão se tornando mais caros a cada dia, pois precisam se adequar às normas de mitigação de impactos socioambientais extremamente rígidos.
Evolução tecnológica e econômica — a tecnologia e a utilização em massa de geradores fotovoltaicos, eólicos, hídricos, heliotérmicos entre outros, desenvolvidos para geração de pequeno e médio porte, estão se retroalimentando e a cada dia essas tecnologias tornam-se mais acessíveis.
Deste modo é crucial se perguntar: Como criar um ambiente propício à geração de energia elétrica distribuída e limpa no Brasil? Quais os obstáculos? Como contorná-los?
Espírito Santo
Infelizmente, o Espírito Santo ainda não acordou ou simplesmente finge que não vê essa escolha da sociedade, se distanciando do Brasil e do mundo, pois além de possuir seis vezes menos fontes renováveis na sua matriz energética, em comparação ao Brasil, tem tendência negativa de aumento dessas fontes. Os gráficos abaixo ilustram este cenário.
Fonte: ASPE – Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado do Espírito Santo
Além desse cenário, temos que considerar o fato de o Estado ter um déficit enorme de geração própria de eletricidade (ver gráfico abaixo). Não aproveitamos nossa vocação para geração distribuída e limpa. A natureza não nos ofereceu grandes potenciais hidrelétricos, mas foi generosa em nos oferecer uma distribuição quase que equitativa de luz solar, ótimos potenciais de ventos, pequenos potenciais hídricos espalhados por propriedades rurais e até mesmo grandes reservas de gás natural. Apesar de o gás natural não ser uma fonte renovável de energia é considerada uma fonte limpa pelos seus baixos impactos ambientais.
Fonte: ASPE – Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado do Espírito Santo
* Borges Tavares é engenheiro eletricista, proprietário da BVK Energia Solar e membro do Grupo Pró Energia Solar ES
http://seculodiario.com.br/28212/14/energia-distribuida-e-limpa-ja
ATENCIOSAMENTE
Alexandre Kellermann
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