A distribuidora Eletropaulo informou nesta quarta-feira (25) que seu Conselho de Administração aprovou o cancelamento de oferta pública primária de ações ordinárias, para "melhor evolução de competitividade entre ofertas públicas para aquisição de ações" da companhia, destacou a empresa em comunicado ao mercado.
A bolsa paulista B3 agendou para 18 de maio um leilão em que Neoenergia, Enel e Energisa colocarão seus lances para a compra das ações da Eletropaulo.
Mais cedo, uma das empresas que está na disputa pela Eletropaulo, a italiana Enel, elevou a proposta pela distribuidora, mas disse que não continuaria no processo a menos que a empresa paulista anunciasse o cancelamento da oferta pública, como foi feito, destaca a Reuters.
A Enel elevou o preço para R$ 32 por ação, ante proposta anterior de R$ 28 para comprar até a totalidade das ações da Eletropaulo.
A oferta primária, cancelada nesta quarta-feira, chegou a ser alvo de pedidos de esclarecimentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em meio a uma intensa disputa dos investidores pela aquisição da companhia, que envolve também a Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, e a Energisa.
A Eletropaulo, que tem como um dos principais acionistas a norte-americana AES, havia anunciado em 17 de abril um acordo de investimento com a Neoenergia para que esta comprasse até a totalidade das 58,9 milhões de ações que seriam emitidas na oferta primária por cerca de R$ 1,5 bilhão, ou R$ 25,51 por papel.
O negócio, no entanto, foi anunciado quando a brasileira Energisa já havia apresentado uma oferta pública para compra de até a totalidade das ações da elétrica.
Posteriormente, a italiana Enel também entrou na briga com um lance para aquisição da Eletropaulo e questionou o acordo entre Neoenergia e a empresa, que segundo ela prejudicaria "uma competição transparente" pela aquisição da distribuidora e significaria "tratamento privilegiado" a um dos concorrentes.
A Neoenergia havia proposto também comprar até a totalidade das ações da companhia por R$ 29,40 por papel. Antes, a Energisa havia feito uma oferta de R$ 19,38 por papel da empresa, complementada por um aporte posterior de R$ 1 bilhão.
"A decisão ora tomada não se altera com o eventual surgimento de novas propostas, o que só fará confirmar a competitividade que deverá ser mantida no leilão, em benefício progressivo do conjunto de acionistas", informou a Eletropaulo, em comunicado.
Após o fechamento dos mercados, a Neoenergia informou na noite de quarta-feira que decidiu subir a oferta para R$ 32,10, superando a oferta da Enel.
As empresas poderão apresentar novos preços para suas ofertas durante o leilão agendado para o dia 18 de maio.
A ação da Eletropaulo fechou com leve alta nesta quarta-feira, a R$ 30,67.
Disputa pela Eletropaulo
A Eletropaulo vinha comunicando que a norte-americana AES poderia vender sua fatia na empresa, onde é a principal acionista junto ao braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar).
A concorrência pela compra da distribuidora, responsável pelo fornecimento na região metropolitana de São Paulo, começou no final de março, quando a própria Enel apresentou uma proposta à Eletropaulo para participar de uma oferta pública de ações em preparação pela empresa. Depois disso, a empresa recebeu uma série de ofertas de Enel, Neoenergia e Energisa.
A Enel controla distribuidoras de energia no Rio de Janeiro e no Ceará, além de ter ativos de geração e grande presença em fontes renováveis.
A Neoenergia tem operações de distribuição na Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e no interior de São Paulo, além de ativos de geração e transmissão. Já a Energisa controla nove distribuidoras em diversos Estados e atua também em linhas de transmissão.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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