Brasil perdeu em um período de um ano (entre maio de 2017 e abril de 2018) 31.533 gigawatts (GWh) de energia com furtos, desvios ou fraudes, informou ao G1 a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).De acordo com a Aneel, a quantidade de energia perdida com os "gatos" seria suficiente para abastecer um estado como Santa Catarina pelo mesmo período.
Atualmente, o prejuízo com os "gatos" é estimado em cerca de R$ 4,5 bilhões.
Pelas regras da Aneel, cada distribuidora tem uma quantidade definida para a perda de energia e o valor referente a este montante pode ser repassado ao consumidor – o que ultrapassa o limite é pago pela distribuidora.
Segundo o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, se não houvesse a perda de energia com os "gatos", a tarifa poderia ser 4,3% menor.
O que dizem as distribuidoras
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abrade), Nelson Leite, afirma que as concessionárias têm atuado para evitar fraudes, mas é importante que a sociedade condene a prática e denuncie. Ele lembra que todos os consumidores pagam o prejuízo com o furto de eletricidade.
"É importante que toda vez que seja encontrada uma fraude seja feito um boletim de ocorrência apurando os fatos para que os responsáveis sejam responsabilizados. [...] Quem comete esse tipo de crime precisa ser responsabilizado por isso", afirmou.
O presidente da Abrade destacou também que, além de combater a fraude, é importante as distribuidoras atuarem em ações de eficiência energética para as pessoas terem acesso à energia elétrica.
Segundo Sales, quando a pessoa consome energia por uma ligação clandestina não tem consciência do quanto consome.
Efeitos da crise econômica
Para Cláudio Sales, do Instituto Acende Brasil, o aumento de furtos e fraudes no mercado de energia desde 2016 tem relação com a crise econômica. Segundo ele, as fraudes vinham em trajetória de queda desde 2009.
"Tem que levar em conta que esse período foi o período que a economia brasileira entrou em crise e trazendo uma série de fenômenos recorrentes como aumento do desemprego, diminuição da renda, coisas que teoricamente promovem a inadimplência e o furto", afirmou.
Na avaliação do presidente do instituto, as concessionárias trabalham para reduzir a perda de energia até porque parte do prejuízo também é pago pelas distribuidoras. "A Aneel tem fixado metas cada vez mais agressivas para redução das perdas", acrescentou.
Alguns estados, porém, sofrem com outros problemas além da falta de investimento. O Rio de Janeiro, por exemplo, cujo índice permitido de perda foi de 12,96%, perdeu 14,5% no ano passado
O alto índice de perdas, para o presidente do Instituto Acende Brasil, tem relação com a falta de segurança.
"Concessionárias que estão no Rio de Janeiro, com áreas de conflito, não conseguem nem entrar para fazer o que precisa, para coibir o gato e isso não pode ser imputado à responsabilidade da concessionária", afirmou.
Atenciosamente
Alexandre Kellermann
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