A Redes Energéticas Nacionais (REN) mantém a aposta estratégica na construção da terceira interligação de gás natural com Espanha, projecto que tem o apoio da Comissão Europeia e já garantiu o financiamento para os estudos técnicos, com 50% do seu valor. Com a decisão final de investimento, relativa aos primeiros 162 quilómetros do gasoduto, no valor de 137 milhões, prevista para o corrente ano, o grupo liderado por Rodrigo Costa deverá agora reequacionar este calendário.
Em causa está o parecer negativo dado pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, a esta infra-estrutura, inscrita no plano de desenvolvimento (PDIRGN) da REN para 2016-2025, adiando a sua reavaliação para 2017. Um cenário que só se alterará, caso o Governo decida validá-la, contrariando a posição do regulador e dos agentes do sector.
“Os investimentos propostos pela REN no PDIRGN 2016-2025 foram aceites na generalidade, com uma ressalva à terceira interligação, a qual, que de acordo com a ERSE, terá de estar enquadrada num processo de desenvolvimento conjunto das interligações ibéricas de gás natural com França e de financiamento europeu”, afirmou ao Diário Económico fonte oficial da empresa. E destaca a luz verde concedida por Bruxelas ao gasoduto, “classificando-o como Projecto de Interesse Comum”.
Só após a conclusão dos estudos técnicos é que a REN se poderá candidatar aos apoios à construção desta interligação.
A União Europeia continua, no entanto, a dar sinais de aposta no reforço da segurança energética.
É nesse âmbito que se enquadra a estratégia apresentada ontem para o gás natural liquefeito (GNL), que inclui a construção das “infra-estruturas estratégicas necessárias para completar o mercado interno da energia”.
A Península Ibérica detém actualmente sete, um dos quais em Portugal, dos 20 terminais de gás natural liquefeito existentes na Europa e há muito que tenta posicionar como uma porta de entrada alternativa deste combustível na Europa.
Bruxelas voltou ontem a destacar as disparidades regionais no acesso ao gás natural liquefeito. “Os elementos centrais [desta nova medida] são a construção das infra-estruturas estratégicas necessárias para completar o mercado interno da energia e a identificação dos projectos que permitam acabar com a dependência de alguns Estados-membros de uma fonte única de aprovisionamento”, refere a União Europeia em comunicado.
Uma necessidade que saiu reforçada após o último conflito entre a Ucrânia e a Rússia, um dos principais fornecedores de gás europeu.
Menos de metade das necessidades de gás da União Europeia é satisfeita pela produção nacional, sendo o restante importado, precisamente da Noruega (30%), Rússia (39%) e Argélia (13%). Nos últimos anos, o gás natural liquefeito representou cerca de 10% das importações e foi proveniente principalmente do Qatar, Argélia e Nigéria.
O pacote de medidas sobre segurança energética visa dotar a União Europeia dos “meios necessários para a transição energética global e para enfrentar possíveis interrupções do aprovisionamento energético”.
Da lista de medidas constam ainda a moderação da procura de energia, o aumento da produção de energia na Europa, designadamente a partir de fontes renováveis e o maior desenvolvimento de um mercado interno da energia plenamente integrado e funcional, uma premissa que requer o reforço das interligações europeias de electricidade e gás natural.
ATENCIOSAMENTE
Alexandre Kellermann
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